#CADÊ MEU CHINELO?

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

[gonzo níus] PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE QUALQUER COISA

:: txt :: Fausto Erjili ::

  Disseram que eu havia morrido, que eu estava cheio de formigas na boca, atirado numa valeta por aí, mas posso provar que é boato, na verdade o motivo do meu distanciamento foi justamente para me aproximar das coisas que andam acontecendo aqui e acolá, questão de concentração, sabe? Poder assistir tudo de onde quer que eu estava, sem a interferência do próprio mundo; e posso dizer que deu muito certo, pois vomitava quase todo dia, a princípio pensei que pudesse ter sido o bíter, mas não.

 Ocasionalmente, nessa época de eleições e a copa que a precedeu, eu andava lendo, entre uma parada, rodoviária do interior, ou um posto qualquer, o livro Manifesto Contra o Trabalho, dos ativistas alemães do Grupo krisis (um sujeito me questionou certa feita se o Grupo Krisis era uma banda alemã de krautrock, defenestrei-o), aí eu vi quão amadores são esse pessoal que fica protestando de forma inútil contra coisas idiotas e ainda se acham o máximo. Porra, os caras do Krisis são contra o TRABALHO! Não há nada mais anarquista do que isso. A esquerda política sempre adorou entusiasticamente o trabalho, ela não só o elevou à essência do homem, mas também o mistificou como pretenso contra-princípio do capital, é um princípio coercitivo social! É claro que não há nada de errado com o auto-sustento, uma forma alternativa de se sobreviver, o grande problema são as empresas, os patrões, os bancos, e toda essa gente filha da puta que nos inseriu nesse sistema-labirinto, e isso já há muito, muito tempo atrás; o trabalho está tão enraizado na nossa cultura que sequer cogitamos a possibilidade de pensar que existem outras formas de se sobreviver, sem necessariamente enriquecer essa pelegada, como diria Tony da Gatorra.

  Mas vou mudar de assunto porque nesse exato momento estou sentindo as golfadas. Ontem voltei de viagem, estava cobrindo a grande temporada de Corrida de Charretes, em São Gabriel/RS, que ia da Vila Boa Vista até a Vila Camita, dando voltas e mais voltas por toda a cidade, 19 dias e 20 noites de pura efervescência, poeira pra todo lado, acidentes homéricos, brigas de facão, tiroteio, tudo, é claro, com o maior respeito ao próximo e dentro do espírito desportivo. O vencedor (tive a oportunidade de entrevistá-lo e inclusive tirei photos, mas infelizmente o rolo de 36 poses da fujifilm que coloquei em minha Zenit 122 queimou completamente) foi o Adão Tibiquira, um cara por volta de seus 63 anos, que vestia (durante todo o decorrer do certame) uma calça de tactel com guaiaca, uma camiseta da candidata Sandra Xarão e chinelos Samoa, que falou que estava ali para representar, segundo o próprio, todo o povo deste país chamado São Gabriel, a Terra dos Marechais [sic] e que não via a hora de comemorar a vitória (o prêmio foram duas cestas básicas, cortesia do mercado Três Estrelas) junto com seus ermãos na budega do Juvenal, à base de muita canha de butiá e vanerão.

    Atropelando tudo e finalizando este txt de forma brusca, hoje é 31 de outubro, então vamos celebrar o Dia do Saci, que não por acaso cai no mesmo dia mundial da poupança.

  "Ao vencedor, as batatas!"

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