#CADÊ MEU CHINELO?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

[a vida como ela noé] A MIJADA




::txt::Jucazito::

Micareta é uma experiência que você não pode perder. Não importa a cidade, mas que tenha o perfil dum carnaval fora de época, a tal micareta. Participei duma em 1994, pouco antes do tetra, na capital alencariana. Preferi a opção popular, em vez de comprar os caríssimos abadás, e pulei como pipoca atrás de quase todos carros elétricos que cruzaram a Beira-Mar de Fortaleza ao som de meus ídolos musicais de ontem, hoje e sempre: Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, entre outros (sei que você deve ter torcido o nariz, mas fazer o que com gente que nem você que tem preconceito contra a música nordestina).

Ao meu lado, meus dois primos baianos que curtiam umas férias no Ceará, Márcio e Marcelo. Enfim, pipocamos entre os trios elétricos e, terminada a maratona, rumamos pra avenida paralela em busca de um táxi. No caminho, parei na parede de um prédio e pedi aos dois pra me esperarem. Coloquei o operário pra fora e dei aquela bela mijada. No sacode final, uma mão me puxa o ombro:

Mije aí não!

Fiquei possuído de raiva. Quase mijei nas calças por causa de um infeliz. Ao lado dos primos eu gritava:

Porco filha da puta, vai tomar no teu cú, soldadinho de merda!

O policial, ao perceber minha atitude de revolta, chama um colega, aponta pra mim, e ambos vem em minha direção. Enquanto isso, Marcelo tem um apagão alccólico. Os dois PMs me prendem pelos braços e me levam pra dentro de um carro da polícia, no banco de trás. Márcio vai atrás, com Marcelo em coma em seus braços.

Leve ele não, o cara estava super apertado, precisava mijar.
Ele me ofendeu.
Desculpa, ele tá bêbado, já deve estar arrependido.

Ao notar que o policial se distraia com a conversa de meu primo, levantei o banco da frente, espiei pela janela, não vi nenhum poliça, abri a porta e botei um pé e uma cabeça pra fora, na tentativa de fugir. Antes de por um o outro pé na rua, uma porrada senta na minha cabeça:

Tu fica aqui, seu filho de rapariga!

Fui trocado de carro. Passei pra uma Kombi camburão, daquelas que na última fileira tem um gradeado pro elemento não fugir. E a Kombi passou a andar pela cidade, e eu nada de ir pra uma delegacia muito menos me soltavam. Já pressentia ser exterminado e jogado em alguma vala qualquer. Nisso os dois policiais do camburão dão carona pra duas meninas digamos alegres. Foi a minha salvação.

O que o menino fez?
Eu não fiz nada, sou inocente!
Hmm, tu é gaúcho, é?
Sou
Ei, se ele não fez nada, solte ele, tadinho, tão bonitinho!
Alguma coisa tu fez, moleque, ou não teriam te prendido.

Detalhei meu caso, claro, exagerando pra menos, pois afinal eu havia ofendido um colega dele. Perguntavam onde eu estava, e expliquei que estava na casa de parentes, perto do parque do Cocó. Pois os porcos de bosta resolveram me soltar, porém, há porém, do outro lado do parque, em plena madrugada. Quase deu vontade de voltar pra Kombi. Meia hora depois de caminhar na escuridão total, chego ao mini shopping do parque. Peço uma cerveja e um crivo avulso. Chego em casa. Somente a empregada.

Menino, saiu todo mundo a tua procura!


*Este texto está em domínio público. Nenhum direito ao autor.

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