#CADÊ MEU CHINELO?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

[noé ae?!] ORQUESTRA IMPERIAL + DJ MARLBORO

[agência pirata] O ROCK É O NOVO JAZZ



::txt::Gustavo Brigatti::

Um amigo da minha namorada abriu um bar. E nesse bar tem um palco, onde ele quer botar bandas para tocar _ e, de quebra, faturar umas caixas de cerveja a mais. Na semana de inauguração da birosca, ele veio me perguntar se eu não conhecia umas bandas boas pra passar um som ali. Eu disse que sim, que conhecia umas bandas e elas eram muito boas. Só que não para o que ele queria.

Explico: eu gosto de rock. E rock _ rock mesmo, você sabe do que eu tô falando _ não dá dinheiro. E não dá dinheiro porque não tem público, porque não vende, porque não tem quem invista, é um gênero vivendo à base de soro num leito de UTI esperando que alguém puxe a tomada de vez. E longe de mim querer prejudicar o negócio do camarada…

Mas sem essa de profeta do apocalipse. Quem faz rock, sabe da situação. Quem ouve, também. E nem estou falando de ideais, de conduta, de postura, de conceito _ tudo isso foi engarrafado faz tempo e virou roupinha de brechó, calça colorida e pomada capilar. Estou falando de números.

Pega a lista dos 10 discos mais vendidos do ano passado no EUA: começa com Eminem e termina com Ke$ha, sem nenhum solo de guitarra entre eles. No Reino Unido, a faixa mais vendida em 2010 que se aproxima de um rock foi Don’t Stop Believin’, uma balada de 30 anos dos coxinhas do Journey _ e graças ao seriado Glee, veja bem. Na real, apenas 3% dos singles vendidos nas terras da rainha foram de rock no ano que finou-se.

Ainda na Inglaterra, Rihanna acabou de se igualar a Elvis Presley como artista solo a emplacar cinco singles consecutivos no primeiro lugar das paradas. Alguém duvida que ela vai ultrapassar o Rei?

No Brasil ainda não foi liberada a lista de mais vendidos de 2010, mas eu te digo que vai ser mais ou menos assim: um padre, uma dupla sertaneja, uma cantora de axé, outra dupla sertaneja, um cantor brega e uma coletânea de novela. O máximo de rock que pode haver é um grupo de guris que parecem gurias. E eu não estou falando do Mötley Crüe…

Em entrevista ao Guardian, Paul Gambaccini, DJ da BBC e conhecido como Professor do Pop, afirmou que “é o fim da era do rock. Acabou, da mesma forma que a era do jazz acabou”. Perfeito. Eu não poderia ter feito analogia melhor.

Em breve, nós, que pagamos pequenas fortunas por um White Album em vinil e discutimos se é Bon Scott ou se é Brian Johnson, vamos ser encarados como os tiozinhos fãs de Dizzy Gillespie e Thelonious Monk, peças de museu na mesma proporção respeitadas e ignoradas.

Nesse tempo que se aproxima, o debut do Black Sabbath será tão estimado, reverenciado e digno de estudos acadêmicos (e versões deluxe) quanto Kind of Blue, as primeiras apresentações ao vivo do Van Halen serão item de colecionador e qualquer menção a Joey Ramone virá acompanhada de um suspiro pesado.

E nos lembraremos de quando brigávamos por uma tomada para plugar pedais numa espelunca qualquer e tocar para meia dúzia de amigos. Éramos jazzistas. E não sabíamos.

sábado, 29 de janeiro de 2011

[agência pirata] MOVIMENTOS RECHAÇAM LICENÇA PARCIAL DE BELO MONTE CONCEDIDA PELO IBAMA



::txt::Karol Assunção::

Movimentos e organizações que lutam contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), receberam, nesta semana, mais um golpe do Governo brasileiro. Na última quarta-feira (26), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu uma "Licença de Instalação Específica” que autoriza a construção de canteiros pioneiros e acampamentos da usina de Belo Monte.

A reação das organizações contrárias à usina não poderia ter sido outra: indignação. Antonia Melo, coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, define a licença como "uma desgraça que o Governo assinou”. "A licença de instalação parcial é uma manobra do Governo para burlar a lei e avançar com as obras de construção”, afirma.

Uma nota emita pelo Ibama revela que a licença, além de permitir a construção dos canteiros pioneiros e acampamentos dos sítios Belo Monte e Pimental da usina de Belo Monte, autoriza ainda a empresa Norte Energia a "realizar outras atividades como implantar e melhorar as estradas de acesso e áreas para estoque de solo e madeira e realizar terraplanagem”. Outra ação permitida pela licença é a "supressão de vegetação de 238 hectares para a implantação do canteiro e acampamento do sítio Belo Monte”.

A indignação dos movimentos sociais não é exagero. A licença parcial concedida pelo Ibama não está formalmente prevista no licenciamento ambiental e, portanto, é considerada ilegal. Para a coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, o documento é uma maneira de já começarem a construir a usina na ilegalidade. "Na verdade, eles já começam a construir a obra; iniciam a construção ilegalmente”, comenta.

O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) também compartilha da opinião de que a autorização não respeita as leis brasileiras. Ontem (27), o órgão entrou com uma civil pública pedindo "a suspensão imediata” de tal licença. O MPF ainda pediu à Justiça Federal que suspenda a permissão de desmatamento concedida pelo Ibama e que impeça o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de "repassar qualquer tipo de recurso enquanto as ações civis públicas contra o empreendimento estejam tramitando, ou pelo menos enquanto as condicionantes não sejam cumpridas”.

Em nota, o MPF afirma que a licença "é totalmente ilegal porque não foram atendidas pré-condições estabelecidas pelo próprio Ibama para o licenciamento do projeto”. De acordo com o Ministério, até a última quarta-feira – data da emissão da licença -, pelo menos 29 condicionantes não tinham sido cumpridas.

Ações

Os movimentos sociais não ficaram calados diante da concessão da licença parcial. Ontem, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou uma nota de repúdio à autorização. Mais de 60 organizações denunciam, também através de nota, os problemas que serão gerados por causa da construção de Belo Monte.

"Denunciamos a liberação de Belo Monte como um ato ditatorial da pior espécie. O Ibama afirma que se reuniu com ‘organizações da sociedade civil da região', mencionando nossos nomes. Nestas reuniões, deixamos claro o que pensamos da usina. Deixamos claro que não queremos seu lixo, seus tratores, sua poluição, sua violência, sua exploração, seu trabalho escravo, suas doenças, sua prostituição, suas poças de água podre e seu desmatamento nos nossos quintais (ou naquilo que nos restará de nossas terras e não nos for roubado pelo governo)”, apresentam.

De acordo com Antonia Melo, a ideia é que as ações cheguem a todos os lugares, principalmente às autoridades em Brasília. Segundo ela, no próximo dia 4, os movimentos sociais da Amazônia terão uma audiência com o ministro da Casa Civil para entregar documentos com as principais reivindicações.

Nos próximos dias, participarão de seminários e mobilizações para chamar atenção da sociedade para a questão de Belo Monte. "Queremos pedir que todos digam para o Governo brasileiro para parar com esse modelo de desenvolvimento”, solicita, chamando ainda a população a conhecer e a divulgar as consequências dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltados para a Amazônia. "Esses projetos trazem miséria, morte, todo tipo de violência e destruição”, afirma.

Além das notas, circulam na internet duas petições contra Belo Monte. Até agora, mais de 390 mil pessoas já firmaram os documentos. Para assinar, acesse aqui e aqui.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

[noé ae?!] THALMA DE FREITAS

[over12] ZEITGEIST E O DESABAFO DE JACK OBUS




::txt::prof. dr. Jack Obus::

Caríssimos amig@s, chegados, colegas, familiares, etc, etc, etc.

Ao longo da minha insignificante vida, tenho cultivado angustiantes inquietações semelhantes às deste velho de 94 anos, que vocês conhecerão no link abaixo...

Costumamos falar em fazer algo, mas nada fazemos, além de falar, é claro.

O que observamos, de um modo geral, é uma apatia generalizada, e uma aversão à reação. Há um rumo cego que parece ter contaminado irreversivelmente até mesmo os bons corações...

Particularmente, muita saliva gastei, muitos desafetos arrumei por minhas escolhas. Sei bem o que falam por aí, pelo simples fato de eu sempre ter evitado o enquadramento normalmente escolhido frente às “cousas” que nos cercam. Ao que parece, tendemos a espelhar ou repelir o que nos incomoda, como uma espécie de desesperada reação perante o pior.

Mas o que dizer de nossos comportamentos, quando o pior diz respeito ao futuro de nossas vidas mundanas? Que somos apenas vítimas do pior tipo de escravidão, a da consciência...

Aliás, ultimamente tenho pensado seriamente em tirar meu time de campo – aos poucos, acho que desaparecerei tal qual a maioria de vocês me conhecem. Não me levem a mal, não é nada pessoal. É apenas resultado de uma incômoda sensação de estar constantemente discursando em vão, tentando justificar uma quixotesca culpa que não diz respeito apenas a mim.

Tenho certeza que muitos de vocês devem compartilhar deste sentimento. Alguns foram infinitamente mais espertos, partindo para cuidar de suas vidas bem antes de mim, enquanto eu ia ficando para trás, sem saber muito bem o que fazer nesta gaiola de louc@s...

Como vocês bem sabem, tenho cansado a todos tagarelando excessivamente, a ponto de me tornar o mais irritante dos Quixotes. Eis a minha especialidade...

Minha cruzada sempre ocupou-se em demasia do desabafo, tal qual esta mensagem aqui, concomitante ao lançamento do filme “Zeitgeist: Moving Forward”.

Acho que falo para não morrer, como uma espécie de mecanismo de auto-proteção, simplesmente uma válvula de escape inconveniente. É o que sou, ou era...

Peço desculpas sinceras a tod@s que incomodei tentando compartilhar um pouco da minha loucura.

Prometo que vou me esforçar para mudar, procurando fazer o que todos fazem e me comportando um pouco melhor entre uma e outra moral de cuecas.

E agradeço de coração àqueles que tiveram fraterna paciência, solidarizando-se à minha tristeza de não compreender tanta omissão frente à tanta merda...

Assistam “aqui ao teaser” do filme ou no video abaixo. E depois, mais calmamente, ao documentário todo. É de graça e imperdível! Mas eu não vou assistir, pois tenho mais o que fazer... (criatura, caso não saiba inglês, não esqueça de ativar as legendas, clicando em “CC”, próximo ao canto inferior direito do vídeo que vai aparecer)



Ah, vocês também não vão assistir???

Ótimo! É sinal de que estou mesmo no caminho certo...

Cordialmente, (cardeal mente, o papa mente, todos mentem... Logo, eu minto também!)


* (Jack Obus é mestre em ciências ocultas, doutor em pós-porra nenhuma e personal nerd nas horas vagas)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

[sp] PARABÉNS SAMPA

[noé ae?!] AVA

[agência pirata] AMY WINEHOUSE: DE MENTIRA E DE VERDADE




::txt::André Forastieri::

Amy Winehouse é uma ruína drogada, bêbada, tatuada, desdentada, esquálida, indulgente, coberta de trapos, e seu grande talento é reempacotar para os recém-chegados a música negra que fazia sucesso antes de ela nascer. Cada geração tem o Keith Richards que merece - ou, dependendo da sobrevida, seu Sid Vicious.

Como Sir Keith, Amy não é só o lixo humano que aparenta. Molambo, sim, mas com instintos comerciais sempre em dia, operacional o suficiente para manter o faturamento - essa semana, no Brasil. Doidinha, mas tem alguns milhões no banco, e quem cuida da grana são seus pais.

Winehouse, claro, não faria 10% do sucesso se fosse uma alegre loirinha, ou uma solene crioula. A graça é que ela é punk, uma sex pistol de saias, tropicando nas canelas, fumando crack, socando fãs, espargindo perdigotos na plateia. Já a viu completamente fora de órbita brincando com camundongos recém-nascidos? Não perca. Foi para isso que inventaram a internet.

É de mentira? É de mentira tanto quanto Keith ou Sid. Amy Winehouse entrou no mundo da música pelas mãos de Simon Fuller, empresário de uma longa lista de artistas pré-fabricados e criador da megafranquia “show de calouros” Idol, que rendeu American Idol e aqui, Ídolos. Seu primeiro disco foi produzido por Salaam Remi, produtor de mão cheia e com longo currículo, com acento reggae. No segundo disco, Remi ganhou a companhia de Mark Ronson, um dos produtores mais elegantes e talentosos da não tão nova geração. Bem, Sid tinha Malcolm McLaren, e Keith tinha, de cara, Mick Jagger.

Amy é uma garota judia de Londres, filha de motorista de táxi, que fazia escola de artes desde a pré-adolescência. É “rebelde”. Foi expulsa de uma escola por fazer um piercing aos 14 anos, namorava vagabundos etc. Como tantas mocinhas que se sentem incompreendidas (e como tantas mocinhas que, além disso, são feias), Amy se apaixonou pela mitologia das mulheres sofridas, que têm uma porcaria de vida porque sofrem de amor. Seus ídolos são mulheres independentes dependentes, mal-tratadas por seus machos, que chafurdam na cachaça e companhia e conseguem transmitir as feridas para as cordas vocais. O sonho é ser neta de Billie Holiday, sobrinha de Nina Simone, filhota de Janis Joplin.

Na prática, sua música estacionou entre os 60 (as garotas perigosas da gravadora Motown e similares - Ronnie Spector, Martha Reeves, Shangri-las - e as minidivas britânicas - Petula Clark!) e, preste atenção, o jazz-soul yuppie-chic de Sade.

Drogados precisam de grana fácil. Amy já estava empepinada com drogas antes do sucesso, entre o primeiro disco, Frank, aplaudido pela crítica e mais ninguém, e o fenômeno Back to Black. O som mudou no meio do caminho e o visual junto. Perdeu quilos, ganhou o coque gigante e “atitude”. Abandonou a simpatia e o sorriso fácil. Virou “bad girl” e ícone fashion, celebrada por Karl Lagerfeld. Conquistou moderninhos e caretaços. Consenso paga bem.

É punk de butique? É crooner de boate? Uma amiga que é fã de Amy me garantiu ontem que as letras são boas - não duvido e não confiro - e que espera que Amy esteja caindo pelas tabelas no show. “As letras são sobre coisas comuns. Ela não finge. Ela é aquilo ali mesmo. E tem que continuar tomando todas, porque isso é o que ela é. Quem quer vê-la toda caretinha e comportada?” Eu não. Se morrer logo, morreu, vira lenda, Sid Vicious. Se sobreviver mais uns trinta anos, duvidoso, pode emplacar como herdeira de Keith Richards, o bandalho profissional. Só a regeneração seria imperdoável.

Amy Winehouse é de mentira e de verdade, porque soa verdade. Nós nos tornamos o que somos...

domingo, 23 de janeiro de 2011

[agência pirata] CONHECE A MALDIÇÃO DO HOMEM-ARANHA?



::txt::Zeca Camargo::

Titubeei algumas vezes antes de comprar o ingresso para ver uma “pré-estréia” de “Spider-man: turn off the dark” . Afinal, o espetáculo mais comentado da Broadway (escrevo de Nova York hoje) nos últimos anos, como já indiquei, ainda não estreou – o que eu assistiria era uma espécie de “ensaio aberto”. A possibilidade de alguma coisa dar errado – e ela era grande (já falo mais sobre isso) – estaria sempre presente. E o ingresso para assistir a esse “esboço” é o de uma performance “oficial”: cerca de R$ 350! Por outro lado, a música é assinada por Bono e The Edge (mas, curiosamente, não pelos outros dois companheiros da dupla no U2) – o que, obviamente, para um fã como eu, é algo muito atraente. E o nome por trás dessa mega produção é o de Julie Taymor, uma artista (diretora, cenógrafa, mente criativa) – que ficou famosa, entre outras coisas, com a montagem revolucionária, também na Broadway, de “O rei leão”. Enfim, debatendo entre prós e contras, gastei um bom tempo decidindo se deveria ou não pegar a matinê de quarta-feira e arriscar. Ou melhor, conferir como toda a produção de “Spider-man” está se arriscando…

A “maldição” a qual me referi no título do post de hoje não é brincadeira. Desde que o espetáculo foi aberto ao público (ainda que não oficialmente), não foram poucos os acidentes em cena com alguns atores – alguns deles, bem graves. Entre outros problemas, os efeitos especiais “revolucionários” que fazem o Homem-aranha (ou melhor “os Homens-aranhas”) voar pelo palco e em cima da platéia envolvem uma tecnologia sofisticada – e que jamais foi usada num musical da Broadway (o teatro Foxwood, na rua 42, foi especialmente adaptado para isso). E envolve também risco… Os tais acidentes viraram uma das notícias mais “saborosas” na imprensa local nova-iorquina – uma onda de maledicência e ironia, que gerou até uma capa bem sacada na “The New Yorker”, com uma enfermaria cheia de “Spider-men”!

Mas esse não é único problema de “Turn off the dark”. Os “ensaios abertos” – que aqui recebem o nome de “previews” começaram em novembro. Eles se estendem geralmente pelo menos por algumas semanas, para dar tempo de o elenco – e o próprio espetáculo – “esquentar”, antes da estréia oficial. Ocorre que a tal estréia já foi adiada várias vezes – e agora está marcada para 15 de março (possivelmente…). Por conta disso, os custos de produção já foram para a estratosfera! “Spider-man” já está sendo chamada de “a produção mais cara da história da Broadway”, e as piores previsões de retorno dizem que o musical vai ter de conseguir lotar o teatro por três anos consecutivos para pelo menos sair do vermelho – e isso com o ingresso por aquele “precinho camarada” que citei anteriormente…

Será que “Spider-man” na Broadway vai dar certo? Será que os fãs – de um dos super-heróis mais amados da Marvel, diga-se – vão gostar da adaptação? E os fãs do U2 – será que eles vão achar que Bono e The Edge foram longe demais? Os efeitos são mesmo de arrepiar? O frisson de saber que alguma coisa de errado pode acontecer durante a performance – será que isso vai espantar ou atrair o público?

Todas essas perguntas – e tantas derivadas dessas – estão na cabeça de muita gente aqui em Nova York. E elas passaram também pela minha enquanto eu decidia se ia ou não assistir ao musical. Como já expus rapidamente os motivos para querer ir pesavam tanto quanto os para não ir – e, isto aqui sendo Nova York, poder investir umas três ou quatro horas em um outro passatempo cultural (MoMA, P.S.1, New Museum – todos me esperando…). Mas no meio dessa argumentação pessoal, tinha uma coisa que me atraía acima de tudo: o fato de todo mundo ali envolvido com “Spider-man” estar apostando numa ousadia – em algo que, em mais de um aspecto, nunca havia sido feito antes…

Já vou retomar o “Turn off the dark”, mas antes preciso dar uma satisfação a quem acompanhou (e palpitou sobre) meu último post. Por que ele também falava de ousadia e algo que nunca havia sido feito antes – no caso, numa novela de TV, no final de “Passione”, de Silvio de Abreu. Relembrando rapidamente, convidei você a “descobrir” o que o final tinha de bastante original – a ponto de surpreender este noveleiro “de carteirinha” que vos escreve.

Ninguém – pelo menos nos comentários enviados – acertou exatamente o que eu estava querendo dizer. Ou melhor, a Raiza, que mandou um dos últimos comentários, chegou perto, ao falar sobre “o ponto de vista de quem assiste” – o raciocínio dela pegou carona na dica que eu dei sobre o desfecho de “Passione” ter me lembrado o de “Sopranos”. E é mais ou menos isso…

O que eu achei fascinante na solução de Silvio de Abreu foi que, pela primeira vez – pelo menos que eu me lembre – a novela terminou sem que todos os mistérios fossem desvendados… para os personagens da história! Só quem ficou sabendo o que realmente aconteceu – quem matou o Saulo, o pai de Saulo, e as razões para esses crimes terem acontecido – foi o público! Achei isso fascinante – e bato palmas para Silvio de Abreu por isso. De maneira inédita, o autor estabeleceu ali uma cumplicidade com o telespectador, que para mim foi novidade!

Enquanto a família Gouveia celebrava mais um aniversário da matriarca Bete (Fernanda Montenegro) – sem saber ao certo quem havia cometido os crimes, uma vez que Fred (Reinaldo Gianechinni) negou até o final ter sido o autor deles –, o final que se desenhava era feliz, mas de uma felicidade que vinha da ignorância (a de não saber o que aconteceu e não se preocupar mais em ir atrás da verdade). Enquanto isso, Fred recebe, na cadeia, um postal de Clara (Mariana Ximenes), a verdadeira assassina de Saulo (mas não de seu pai, como logo vamos saber num flashback), que, ao contrário do que todo mundo pensava, não estava morta, mas numa “ilha do pacífico”, mais uma vez fingindo que era enfermeira (como no início da novela) de um idoso milionário… Com isso, claro, Fred “descobre” que ela é a verdadeira culpada, mas isso não é nem metade da história… Só quem ficou sabendo mesmo de tudo foi quem estava assistindo de casa, do conforto de sua poltrona… E isso eu achei genial!

Isso é o que eu chamo de ousadia – de experimentar com um formato tão batido quanto uma novela de televisão. Essa provocação – uma característica essencial para os artistas – é o que realmente me seduz. E aí pode ser em qualquer forma de expressão que você quiser escolher: cinema, literatura, música, dança, teatro, performance – até mesmo uma novela. Ou quem sabe um musical da Broadway… E foi pensando nisso que eu resolvi comprar o ingresso para ver “Spider-man: turn off the dark”!

O que eu achei da experiência? Bem… É meu último dia dessa viagem rápida a Nova York – e “a rua” está me chamando para sair da frente deste computador onde escrevo e aproveitar um pouco mais da cidade. Resistir será inútil…

Segunda-feira então, temos um encontro marcado aqui com o “Homem-aranha”, fechado?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

[domínio público] BAKUNIN E O MARXISMO



::txt::Михаил Александрович Бакунин::

Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana.

[noé ae?!] ARNALDO BRANDÃO

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

[premiouirapuru] FINAL: QUAL O MELHOR ÁLBUM DE 2010

Já está no ar a fase final de votação do prêmio musical mais libertário do país. Durante duas semanas, a comunidade d'O DILÚVIO escolheu os finalistas dentre os mais de 200 álbuns disponibilizados (com link pra download) na própria comunidade. Agora chegou a hora de saber qual o melhor disco de 2010.

Para votar: participe de nossa enquete (somente pra quem tem perfil no Orkut e é membro de nossa comunidade)

A fase final vai até o dia 27 de fevereiro.

Finalistas:

AlmaZ – Seu Jorge and AlmaZ
André Abujamra – Mafaro
Apanhador Só – Apanhador Só
Arícia Mess - Onde mora o segredo
Cabruêra – Visagem
Coisa Linda Sound System – Rochedo de Penedo
Eek – Fantasia de equilibrista
E.M.I.C.I.D.A. – Emicídio
Fino Coletivo – Copacabana
Guizado – Calavera
Karina Buhr – Eu Menti pra Você
Luisa Maita – Lero-Lero
Maquinado – Mundialmente Anônimo (O Magnético Sangramento da Existência)
Marcelo Jeneci – Feito pra Acabar
Marku Ribas – 4 Loas
Milton Nascimento - ... E a Gente Sonhando
Mombojó – Amigos do Tempo
My Midi Valentine – My Midi Valentine
Pato Fu - Música de Brinquedo
Roberta Sá e Trio Madeira Brasil - Quando o Canto é Reza
Rodrigo Maranhão – Passageiro
Silvia Machete – Extravaganza
Teresa Cristina - Melhor Assim
Tulipa Ruiz – Efêmera
Vanessa da Matta – Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias
Wilson das Neves – Pra Gente Fazer Mais um Samba
Zeca Baleiro – Concerto


Para acompanhar notícias: @premiouirapuru

Todos vencedores: Público e Crítica Animal

Vencedores de 2009: Público e Crítica Animal

Agradecimentos:
Comunidade O DILÚVIO no Orkut
Eu Ovo
Law

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

[zipmusic] MAYER HAWTHORNE NO CIRCO VOADOR




::txt:: Oscar Vasconcelos::
pht::Mayer Hawthorne::

O Circo Voador pegou fogo! No último dia 14, a tradicional casa de shows na Lapa, berço de grandes bandas nacionais e palco de apresentações históricas, recebeu um desses artistas que marcam profundamente e, sem dúvida, ficam positivamente marcados pela retribuição do público. Mayer Hawthorne é o nome da vez. Além de “soulman”, ele é produtor, engenheiro de som, compositor, arranjador, DJ e multi-instrumentista. Ficou inicialmente conhecido por uma parceria com Snoop Dogg na música "Gangsta Love". Só depois, por acaso, ou destino, se arriscou como cantor e, para o bem da arte, gravou o elogiadíssimo álbum “A Strange Arrangement”. Em recente entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, declarou: “Obviamente, Smokey Robinson e Curtis Mayfield estão entre minhas maiores influências. Eu tenho muitos negros em mim". Fica claro que a tal influência da Motown está lá, mas isso não significa “mais do mesmo”, Mayer tem uma sonoridade muito particular e está ciente disso.

Muita gente não sabia exatamente o que ouviria naquela noite, mas a expectativa, baseada na divulgação boca a boca e nas informações disponíveis na internet, era das melhores. Por volta de 23:40, quando Mayer subiu ao palco com sua banda atrás, um pandeiro na mão e a deliciosa “Your Easy Lovin' Ain't Pleasin' Nothin'” na ponta da língua, instantaneamente elevou o bom astral do ambiente e mostrou que estava ali para fazer um ótimo trabalho. Inclusive, ao final da primeira música, ele foi logo avisando que aquilo ali não era um concerto, se tratava de um show e queria todos se divertindo. Quem não quisesse participar da festa deveria ir lá pro fundo. Disse isso esbanjando simpatia e bom humor, logo conquistou definitivamente o público, pra lá de animado, que lotava a casa.

A partir daí ele foi enfileirando as pérolas do seu disco e releituras de clássicos da “soul music”, mantendo a animação sempre alta. A primeira sequência continuou com “Make Her Mine”, “Maybe So, Maybe No” (aqui ele aproveitou e pôs todo mundo pra fazer o vocal) e “I Wish It Would Rain”. Apresentou duas canções novas, “No Strings” (com citação de “Beautiful” do Snoop Dogg ao final) e “Long Time” que provavelmente estarão no álbum que será lançado em 2011. Ainda presenteou a todos com covers matadoras de “What a Fool Believes” (The Doobie Brothers) e “Fall in Love” (Slum Village). O show foi encerrado com a dobradinha “Just Ain't Gonna Work” Out e “The Ills”.

A temperatura sob a lona não parou de subir, o público, numa espécie de hiperatividade coletiva, parecia insaciável e clamava por mais. Muito mais. Veio o bis, tranquilo, com “A Strange Arrangement”, talvez o momento mais calmo da noite, mesmo assim durou pouco, logo vieram “One Track Mind” e mais uma bela interpretação de temas alheios, “Mr. Blue Sky” (Electric Light Orchestra). Agradecimentos, despedida e mesmo assim ninguém arredou pé dali. Valeu a pena, Mayer e banda voltaram para fazer um final apoteótico, uma versão “arrasa quarteirão” de “Work To Do” (Isley Brothers) e, mais uma vez, nenhuma alma ficou parada.



Não houve quem ficasse insatisfeito. Uma comprovação disso, reside no fato de que se esgotaram todos os cds postos à venda na barraquinha de merchandising do artista. Muita gente, que gostaria de comprar, ficou sem. A outra, está na foto tirada pelo próprio (abaixo) e nas palavras publicadas por ele no twitter (@MayerHawthorne) no início da manhã, fielmente reproduzidas aqui: “BEST. SHOW. EVER! #RIO”. Certamente um evento histórico.

domingo, 16 de janeiro de 2011

[agência pirata] BELO MONTE

::txt::Ben Wikler::

Caros amigos,

O Presidente do IBAMA se demitiu ontem sob forte pressão para permitir a construção do desastroso Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, que iria devastar uma área imensa da Amazônia e expulsar milhares de pessoas. Proteja a Amazônia seus povos e suas espécies -- assine a petição para Presidente Dilma contra a barragem e pedindo eficiência energética:

O Presidente do IBAMA se demitiu ontem devido à pressão para autorizar a licença ambiental de um projeto que especialistas consideram um completo desastre ecológico: o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte.

A mega usina de Belo Monte iria cavar um buraco maior que o Canal do Panamá no coração da Amazônia, alagando uma área imensa de floresta e expulsando milhares de indígenas da região. As empresas que irão lucrar com a barragem estão tentando atropelar as leis ambientais para começar as obras em poucas semanas.

A mudança de Presidência do IBAMA poderá abrir caminho para a concessão da licença – ou, se nós nos manifestarmos urgentemente, poderá marcar uma virada nesta história. Vamos aproveitar a oportunidade para dar uma escolha para a Presidente Dilma no seu pouco tempo de Presidência: chegou a hora de colocar as pessoas e o planeta em primeiro lugar. Assine a petição de emergência para Dilma parar Belo Monte – ela será entregue em Brasília, quando conseguirmos 150.000 assinaturas:

Abelardo Bayama Azevedo, que renunciou à Presidência do IBAMA, não é a primeira renúncia causada pela pressão para construir Belo Monte. Seu antecessor, Roberto Messias, também renunciou pelo mesmo motivo ano passado, e a própria Marina Silva também renunciou ao Ministério do Meio Ambiente por desafiar Belo Monte.

A Eletronorte, empresa que mais irá lucrar com Belo Monte, está demandando que o IBAMA libere a licença ambiental para começar as obras mesmo com o projeto apresentando graves irregularidades. Porém, em uma democracia, os interesses financeiros não podem passar por cima das proteções ambientais legais – ao menos não sem comprarem uma briga.

A hidrelétrica iria inundar 100.000 hectares da floresta, impactar centenas de quilômetros do Rio Xingu e expulsar mais de 40.000 pessoas, incluindo comunidades indígenas de várias etnias que dependem do Xingu para sua sobrevivência. O projeto de R$30 bilhões é tão economicamente arriscado que o governo precisou usar fundos de pensão e financiamento público para pagar a maior parte do investimento. Apesar de ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, ela seria a menos produtiva, gerando apenas 10% da sua capacidade no período da seca, de julho a outubro.

Os defensores da barragem justificam o projeto dizendo que ele irá suprir as demandas de energia do Brasil. Porém, uma fonte de energia muito maior, mais ecológica e barata está disponível: a eficiência energética. Um estudo do WWF demonstra que somente a eficiência poderia economizar o equivalente a 14 Belo Montes até 2020. Todos se beneficiariam de um planejamento genuinamente verde, ao invés de poucas empresas e empreiteiras. Porém, são as empreiteiras que contratam lobistas e tem força política – a não ser claro, que um número suficiente de nós da sociedade, nos dispormos a erguer nossas vozes e nos mobilizar.

A construção de Belo Monte pode começar ainda em fevereiro.O Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, diz que a próxima licença será aprovada em breve, portanto temos pouco tempo para parar Belo Monte antes que as escavadeiras comecem a trabalhar. Vamos desafiar a Dilma no seu primeiro mês na presidência, com um chamado ensurdecedor para ela fazer a coisa certa: parar Belo Monte, assine agora.

Acreditamos em um Brasil do futuro, que trará progresso nas negociações climáticas e que irá unir países do norte e do sul, se tornando um mediador de bom senso e esperança na política global. Agora, esta esperança será depositada na Presidente Dilma. Vamos desafiá-la a rejeitar Belo Monte e buscar um caminho melhor. Nós a convidamos a honrar esta oportunidade, criando um futuro para todos nos, desde as tribos do Xingu às crianças dos centros urbanos, o qual todos nós podemos ter orgulho.

Com esperança!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

[agência pirata] LA CUNA DE LA ILEGALIDAD



::txt::Laritza Diversent::

A pocos se les ocurriría pensar que un francés puede estar ilegal en París o un inglés en Londres. Sin embargo los eficientes agentes de la policía nacional revolucionaria no dudan en detener a un santiaguero, tunero o guantanamero, por ser un ilegal en Ciudad de la Habana.

Las autoridades cubanas consideran ilegal al ciudadano que traslade su domicilio por más de 30 días, sin efectuar el cambio de dirección y su inscripción en el Registro de Direcciones. Si esa persona se encuentra en la capital y proviene de otro territorio del país la cosa se complica.

El castigo es severo: multa de 300 pesos si el presidente del gobierno municipal donde reside, no le reconoce el derecho o de 200, si está reconocido pero no oficializado en la correspondiente oficina del Carné de Identidad.

Luego le sigue la detención y por último deportación hacia su lugar de origen. La pena es la misma para los que permanezca en la capital luego de vencida la autorización de permiso de residencia transitoria expedida por el Registro de Direcciones.

Así lo ordena el Decreto-Ley 217 de 22 de abril de 1997, que establece las “Regulaciones Migratorias Internas para la Ciudad de La Habana”. Una disposición que para asegurar el derecho a la higiene de los habaneros, prohíbe a los cubanos; proveniente de otros territorios del país; residir con carácter permanente en la capital sin autorización.

Sin embargo es un principio internacionalmente reconocido, que ningún Estado puede limitar los derechos de un grupo de sus gobernados, para supuestamente garantizar el de otros ¿Acaso todos no disfrutan de los mismos derechos y son iguales ante la ley?

No obstante, el decreto emitido por Comité Ejecutivo del Consejo de Ministros, tiene más de 13 años de vigencia. Más de 25 sesiones parlamentarias y la Asamblea Nacional, ignora la inconstitucionalidad de una disposición legal, que afecta las relaciones familiares.

Las autoridades multan a toda persona que resida en una vivienda, ubicada en la capital, sin tener en la misma, el domicilio reconocido por la oficina del Registro de Direcciones. No importa si hay lazos familiares o conyugales entre el conviviente ‘ilegal’ y el propietario. Ambos son castigados

Esta disposición también afecta las facultades de disposición derivadas del derecho de propiedad. El ciudadano necesitan para arrendar su inmueble, un dictamen sobre el cumplimento de esta disposición. Los trámites que impone deben ser cumplidos por las personas que permuten, se adjudiquen por herencia, legado, donación una vivienda ubicada en la capital, respecto a su núcleo familiar.

Frente a estas restricciones los cubanos carecen medios para defender sus derechos en la vía judicial. Ningún tribunal en la isla tiene facultad para sancionar una norma jurídica del sistema legal, como inconstitucional.

Esa atribución, es exclusiva de la Asamblea Naciona, que hasta hoy no ha hecho nada frente a la violación de un derecho, implica la vulneración de otros. Los centros laborales no contratan, las escuelas no matriculan, si el ciudadano, sea niño o adulto, no tiene la dirección que le corresponde. Una norma que ha convertido la capital de todos los cubanos, en una ciudad prohibida y la cuna de la ilegalidad.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

[cc] COMO SER UM CAÇADOR DE TENDÊNCIAS



Um pequeno guia prático com ideias básicas sobre como as modas vão e voltam

::txt::Ronaldo Lemos*::
::ilstrç::Carolin Loebert

Em uma época de permanente excesso de informação, filtros e referências são cada vez mais importantes. Por isso, o papel de curadores ou “caçadores de tendências” nunca foi tão valorizado. Pensando nisso resolvi preparar um pequeno guia prático com ideias básicas sobre como as tendências vão e voltam (baseado nas ideias de um dos meus ídolos, o artista escocês Nick Currie).

Para isso, é preciso dividir o tempo em diferentes segmentos. O primeiro é o presente, que vai de hoje até vários meses atrás. Se você olha para uma foto um pouco mais antiga e pensa “Que cabelo estranho estou nessa foto!” é porque ela já não pertence ao presente e sim a outro segmento bem mais delicado, o presente ansioso.

Esse intervalo é composto de tudo aquilo que bombou e foi tendência antes de agora, mas que neste momento soa meio passé e até mesmo constrangedor. É só pensar no fenômeno da “new rave”, com suas roupas coloridas e a mistura de rock e eletrônica. Há alguns poucos anos, fazia sentido. Hoje, é difícil encontrar um new raver assumido.

Antes do tempo de ansiedade, vem outro trecho que pode ser chamado de o passado amigável. Trata-se do período transcorrido já há algum tempo, que está pronto para voltar e ser revivido (por isso mesmo é para onde olha a maioria dos caçadores de tendência). Nesse momento o passado amigável é representado, por exemplo, por tendências da década de 90, como o indie rock do Pavement, guitarras distorcidas e vocais melódicos da onda shoegazer e assim por diante.

Existe, no entanto, um período que acho o mais interessante para a procura de tendências. Trata-se de um minissegmento entre o passado amigável e o presente ansioso. Vamos chamá-lo de o purgatório.

Esse intervalo é composto daquilo que ainda é novo demais para ser revivido, mas já é velho para fazer parte do presente. Enquanto trabalhar com o passado amigável é fácil, o purgatório é onde dá para encontrar as ideias mais arriscadas e interessantes (diria, por exemplo, que a onda do Eletroclash do início dos anos 2000 está hoje na região do purgatório).

O PASSADO TE CONDENA

Antes daí há mais duas outras zonas. A primeira é o passado ansioso, que nada mais é do que um período que acabou de ser revivido atualmente e que adquiriu ares de constrangimento (por exemplo, as festinhas de anos 80 trash). Depois vem o passado longínquo, que, apesar de não começar tão distante assim, vai embora em direções imemoriais. Essa é a outra área que, obviamente, é das mais interessantes e difíceis de trabalhar, até porque sua influência sobre o nosso tempo é indireta e espectral (um exemplo é a aposta atual na nova série de televisão Boardwalk Empire, que se passa nos anos 20).

É claro que os limites entre cada um desses trechos mudam o tempo todo (por exemplo, o presente está ficando cada vez menor). Claro também que estou falando aqui de apenas um detalhe sobre a dimensão temporal da busca por tendências. Há várias outras dimensões que renderiam boas conversas, como, por exemplo, a dimensão espacial (que envolve uma articulação das ideias de centro e periferia). Mas essa fica para a parte 2 deste texto, a ser escrita em algum lugar do futuro.

*Ronaldo Lemos, 33, é diretor do Centro de Tecnologia da FGV-RJ e fundador do site Overmundo. Seu e-mail é rlemos@trip.com.br

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

[agência pirata] A NOVA ERA DO RÁDIO?

Jabá e medo da internet abrem espaço nas rádios para uma nova era de criatividade

::txt::Leonardo Lichote::

Mais com a discrição de locutor clássico do que com o alarde de FM jovem, de forma lenta e gradual, uma mudança vem se afirmando nas ondas do dial nos últimos anos, como se elas estivessem enfim em sintonia com o século XXI - programas originais, novas linguagens se estabelecendo, ousadia e qualidade na seleção musical com os quais o público já se desacostumara. E, apesar de (quase) silenciosa, ela foi percebida. O Ibope aponta um crescimento contínuo no número de ouvintes - 10% desde 2003, uma cifra aparentemente modesta, mas que ganha expressividade quando se pensa que ela se refere a um meio que parecia ultrapassado pelas novas tecnologias. Estatísticas à parte, um levantamento informal com amigos, a observação de conversas nas ruas e nos tweets - e o testemunho de artistas e radialistas - mostra que um público que estava afastado do rádio desde a década de 1990 - não por acaso, o auge da era dos jabás - está voltando a ele.

Figura presente no rádio desde 1982 (com a lendária Fluminense FM), o DJ Mauricio Valladares, apresentador do "roNca roNca" na Oi FM (uma das pontas de lança do atual bom momento), percebe a volta do interesse e a relaciona com outra retomada:

- Posso comparar com a percepção que as pessoas têm mostrado do vinil, que é o único suporte que cresceu na década - conta o DJ. - O vinil foi redescoberto porque as pessoas cansaram de ouvir som ruim, não saber o que é uma capa bonita. O rádio passa pelo mesmo processo. Quando chegou a internet, houve o fascínio pela possibilidade de acesso a todas as informações e músicas. Mas esse fascínio tem uma validade, que expira no momento em que você não tem uma luz te dizendo para onde ir, para onde não ir e para onde ir mesmo sabendo que será uma roubada. É o comunicador o camarada que vai dizer o que você está ouvindo. E só o rádio transporta essa sensação de que, naquele momento, você está incluído num grupo. O cara que ouve meu programa em Porto Alegre se sente irmão gêmeo do cara que está no Alto José do Pinho, em Recife. Outro exemplo: eu odiava samba, mas adorava ouvir o programa do Adelzon Alves. Gostava daquela mágica de ele falar com os motoristas de ônibus, era fisgado pela dinâmica. A internet não vai ter isso nunca. O rádio é algo novo, apesar de muito velho.

Vista a princípio como rival, a internet tem papel importantíssimo para a redefinição do rádio.

- Nos anos 1960, a rádio consegue se levantar depois do baque da televisão, para onde migraram os programas humorísticos, os de auditório, as novelas. E aí vem o ostracismo dos anos 90. E a internet, que foi um susto um pouco menor do que o da TV - avalia Eliana Caruso, presidente da Rádio Roquette Pinto FM.

Eduardo Andrews, gerente de programação da MPB FM, concorda:

- Foi o empurrão que faltava para as rádios acordarem. Ou elas inovavam no formato e conteúdo ou morriam de vez.

Elas decidiram inovar. Hoje, se afirmam reforçando suas marcas pela atuação em diversas frentes, como selo e promoção de shows (a MPB FM seguiu esse caminho e a Oi FM, filha de uma telefônica, já nasceu sob essa égide); apostando na nova música brasileira de uma forma que não se via desde a geração 1980 do rock brasileiro, com Fluminense FM à frente; e explorando as novas ferramentas oferecidas pela internet (novamente ela). Redes sociais como Twitter e Facebook deram nova força ao velho formato de participação de ouvintes. A tecnologia ofereceu outras aberturas, como transmissão ao vivo por streaming, programas disponíveis para serem ouvidos em podcasts, vídeos com os bastidores da rádio, informações mais completas sobre os artistas que ocupam a programação... E há ainda outras possibilidades menos óbvias.

- O celular virou uma espécie de rádio de pilha - nota Eliana Caruso.

Os próprios caminhos da internet a levaram até mais próximo da linguagem do rádio - afinal, a prática de baixar músicas vem perdendo popularidade para a de ouvi-las simplesmente em sites como YouTube e MySpace.

- É uma tendência que vem se consolidando no mercado de música, a priorização do acesso ao conteúdo, no lugar da posse desse conteúdo - diz Flávia da Justa, diretora de Comunicação de Mercado da Oi, falando da versão on-line da rádio.

Além da tecnologia, fatores econômicos ajudam a entender o renascimento do rádio. A prática abusiva do jabá - com os lucros astronômicos das gravadoras pré-pirataria - homogeneizavam as emissoras, lembram radialistas e programadores. A crise da indústria fonográfica, portanto, abriu espaço para a recuperação que se consolida agora.

- O jabá devastador trouxe a perda de credibilidade. E a credibilidade num meio de comunicação vem antes da música. Hoje, como as vacas gordas do mercado fonográfico estão raquíticas, a criatividade e a qualidade podem prevalecer - defende Mauricio Valladares.

Os exemplos de criatividade e qualidade no dial hoje são muitos (alguns deles estão na página 2 desta edição). Mas Pitty - que foi premiada pela Associação Paulista dos Críticos de Arte como revelação na categoria Rádio com o programa "Segunda-feira sem lei" (rádio Transamérica Pop), que ela apresenta com Beto Bruno e Daniel Weskler - torce para que sejam muitos mais:

- Existem programas bem legais, mas ainda são pontos de luz nesse oceano imenso. Mas já considero isso algo muito bom e torço pra que se espalhe. Gosto muito de entrar no carro e ligar o rádio, ficar à mercê do shuffle do DJ - diz Pitty, pondo conceitos da cultura digital e do rádio na mesma frequência.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

[zipmusic] AMY WINEHOUSE NO RIO DE JANEIRO



::txt::Oscar Vasconcelos::
::pht::Roberto Filho e Léo Martinez::

Amy Winehouse escolheu o Rio de Janeiro como base para sua turnê brasileira. Ironicamente está hospedada em um bairro cujo nome homenageia uma mulher de princípios inabaláveis, Santa Teresa. Ela costumava afirmar que “o mais importante em uma pessoa é o respeito que ela pode ter por si mesma e pelos outros, pela vida, enfim.” Por outro lado, é uma região localizada no alto de uma colina, com caminhos tortuosos que se ligam a diversos bairros da cidade, e com raízes seculares fincadas na Lapa. Ou seja, se ela sair do hotel e tropeçar na ladeira, acertará em cheio uma das melhores noites da cidade, e aí certamente não vai ter água mineral que segure a onda da adorável inglesinha...

Os dois últimos anos são sombrios, confusos e cheios de especulações – negativas e positivas – sobre a vida e a carreira de Amy Winehouse. Algumas apresentações curtíssimas, em eventos ou shows de amigos, até que ela, ao que parece, resolveu mesmo “voltar”. O “marco zero” pode ser considerado o pequeno show de aquecimento feito em Moscou no fim de 2010. Lá estavam os mesmos – ótimos! - músicos que a acompanham no Brasil, são eles: Dale Davis (baixo), Hawi Gondwe (guitarra), Troy Miller (bateria), Sam Beste (teclados), Henry Collins (trompete),Frank Walden (sax baritono), Jim Hunt (saxofone), Zalon Thompson e Heshima Thompson (vocais). Durou 40 minutos e ao que parece, dentro das possibilidades, tudo correu bem.

A turnê no país começou em Florianópolis, no último sábado, sob olhares atentos do mundo. As impressões sobre a performance variaram um pouco. Algumas reclamações tiveram como alvo, principalmente, a curta apresentação (70 minutos), pérolas fora do set list, o vocal embolado e esquecimento de letras. Por outro lado, há quem diga que foi excelente, a começar pelo “simples” fato de ouvir Amy, inteira, ao vivo. Muito elogios ao estado “light & clean” com roupas brancas e regado a muita água, à alegria dela no palco refletida na execução de algumas canções, ao profissionalismo e pontualidade. Acima de tudo a presença no palco de uma das mais interessantes e expressivas artistas do nosso tempo, e a vontade de estar lá, mereceu o reconhecimento daqueles que pagaram para vê-la.



Mesmo já tendo a garantia de casa cheia, afinal quase não havia mais ingresso disponível, as notícias que vieram do sul deixaram o clima, para o show na cidade maravilhosa, ainda melhor. O público carioca, estava ‘calorosamente’ receptivo e empolgado para ter sua primeira noite com Mrs Winehouse na Arena HSBC. A ansiedade foi amenizada pelo ótimo show de abertura feito por Janelle Monae. Desconhecida da maioria dos presentes, influenciada pela nata da música negra, fez uma salada sonora temperada com as mais inusitadas variações vocais e muita dança. Saiu do palco ovacionada.

Para surpresa de muitos, no horário previsto, Amy surge no palco, anunciada por sua banda. Parece bem disposta, alegre, e abre a noite com “Just Friends”. O público delira, nas cadeiras não há ninguém sentado. Ela corresponde com dancinhas, sorrisos e passos trôpegos enquanto mantém a mesma sequência inicial do show anterior (Back to Black, Tears Dry On Their Own, Boulevard Of Broken Dreams, Outside Looking In e Love Is Blind), mas só sai do palco depois de “Some Unholy War”. Nesse momento, a banda, com Zalon à frente, ataca com duas canções bem carregadas de soul e funk. Mesmo assim não conseguem manter a temperatura elevada. Amy volta e, sem muito entusiasmo, apresenta músico por músico enquanto cada um deles faz um solo.

Para retomar as rédeas da noite, “Rehab”, mas numa versão tão curtinha e burocrática que parecia aquecimento. Executou então uma dobradinha pra levantar o astral, “You Know I’m No Good” e “Valerie”, mas na sequência todos deixam o palco. Sim, era o prematuro “bis” que estava por vir. Ao menos veio “forte” com “Love Is a Losing Game” e “Me and Mr Jones”. Mrs. Winehouse dá um discreto tchauzinho para os fãs e sai de cena após menos de uma hora de show. Seus músicos ainda tocam “You Wondering Now” sob milhares de olhares incrédulos. Terminam, se despedem, acendem-se as luzes... Uma parte da platéia ensaia uma vaia e o resto baixa a cabeça e vai embora sem acreditar que foi só isso.

A expectativa de boa parte dos presentes com certeza não foi atingida mas, dependendo da abordagem, sempre se pode melhorar ou piorar um cenário. Existem os fãs que só queriam vê-la e pagariam o quanto fosse pedido por esse momento. Viram e ficaram imensamente felizes. Até porque, enquanto cantou, Amy foi bem, só esqueceu feio uma letra. Por isso a sensação de que ela poderia ter dado um pouco mais. Afinal, existem as pessoas que pagaram para ver a apresentação de uma grande cantora que quer provar ao mundo que está apta a retornar aos palcos da Europa e Estados Unidos, principalmente. E que talvez não pagassem o mesmo valor se soubessem que veriam apenas um pocket show. Tudo é relativo, e Amy terá mais duas oportunidades para fazer shows no Brasil. A torcida é sempre a favor.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

[zipmusic] OS 10 MELHORES ARTISTAS BRASILEIROS DA DÉCADA

::txt::Monsenhor Jacá::

Uns dizem que a década terminou em 2009, outros juram que ela recém acabou. Pra evitar confusão, minha década tem onze anos (de 1º janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2010). E nesses onze anos tivemos o melhor momento de toda história da música brasileira, em qualidade e quantidade, sem esquecer que tudo isso está disponível pra ouvir através dum simples click.

Tenho certeza absoluta que vocês vão discordar, que fulano não poderia estar entre os dez melhores, e que beltrana ficou injustamente de fora. Mas mané, a lista é minha, de acordo com o que ouvi e gosto de ouvir. Não concorda? Crie seu blog, faça sua lista e não me encha o saco.

1. IVETE SANGALO

É a rainha da música brasileira. Dinâmica fábrica de hits, que ecoam até nos estádios de futebol. Atrai milhões de foliões atrás de seu carro elétrico. Cantora e compositora extraordinária. Única artista brasileira capaz de lotar o Maracanã. Nesta década, não teve ninguém melhor. Salve Ivete!

2. LÚCIO MAIA

O melhor guitarrista do mundo, que toca na melhor banda brasileira dos '90 e da atualidade (Nação Zumbi). Prêmio Uirapuru ele faturou oito vezes, todas seguidas, de 2000 a 2008. Termina a década flutuando seus riffs na banda Almaz, projeto de Seu Jorge.

3. CHIMBINHA

Ok, a Calypso tem letras horríveis e a voz da mulher dele é ruim. Mas o cara toca guitarra como ninguém. Mas, no entanto, o que também o qualifica a estar nesta lista é a ousadia de montar um negócio fantástico na business musical: quem vende seus discos são os camelôs, que pirateiam o original pela vontade do próprio Chimbinha. Ficou rico. Inventou um modelo de negócio na música.

4. MARCELO D2

Um dos 'pais' dos anos 90, também foi paizão desta década, praticamente o pai do samba-rap. Encerra o ciclo com uma justa e bela homenagem a Bezerra da Silva, unindo a malandragem e o samba do mestre com o rap e hemp do pupilo.

5. ARNALDO ANTUNES

Outro nome de nossa música que fez da década um ciclo. Iniciou como Tribalista, ao lado de craques musicais (Marisa Monte e Carlinhos Brown), um dos melhores discos daquele ano e da década, e finaliza com uma obra-prima que resgata o iê-iê-iê. O maior poeta vivo do Brasil, uma das melhores vozes do cancioneiro nacional. AA UU!

6. MARCELO CAMELO e RODRIGO AMARANTE

Impossível não coloca-los no mesmo patamar. Fundaram a maior banda dos duemille, fizeram fantásticas carreiras paralelas.

8. SEU JORGE

Começou os anos 2000 como ator em "Cidade de Deus", emblemático filme nacional, e termina cantando no projeto Almaz. O grande cantor da década, mesmo quando desafina.

9. ZECA PAGODINHO

Disco de samba sem participação dele pode não ser samba. Verifique com cuidado. Embalou o penta, então deixe o Zeca nos levar!

10. TOM ZÉ ou OTTO

Em época de cantores bem comportados, ainda nos restam alguns doidos pra seguir a maluquice beleza de Raulzito e viver no condomínio do síndico Tim Maia.

sábado, 8 de janeiro de 2011

[fla] UMA VEZ FLAMENGO SEMPRE FLAMENGO



"Cada brasileiro, vivo ou morto já foi Flamengo por um instante, por um dia".
Nelson Rodrigues - Famoso escritor e torcedor do Fluminense

::txt::Zico::


Certa vez me perguntaram por que eu havia escolhido o Flamengo para torcer. Respondi que não era eu quem tinha escolhido o Flamengo, mas sim, o Flamengo que tinha me escolhido. Com um olhar confuso, me pediu que explicasse esse negócio do 'Flamengo ter me escolhido'. Simples - eu falei - Cada um pode escolher o time que vai torcer, mas não quando esse clube é o Flamengo. Ninguem escolher ser Flamenguista, o Flamengo é que escolhe a pessoa, joga sobre ela um encanto de proporções inimaginaveis, e a abençoa com a dádiva de uma paixão infinita, o escolhido, em gratidão, espalha as glórias do Rubro Negro aos 4 cantos, não abandona o manto nem mesmo quando está na pior, sujo de lama. Está sempre presente festejando junto nos momentos de alegria, e como um verdadeiro amigo, não desaparece nas horas difíceis. Ser Flamenguista, é ser escolhido para a emoção, ser tocado pela grandeza!



Time que derrotou o Inter na final em 1987:
Zé Carlos; Jorginho, Leandro, Edinho e Leonardo; Andrade, Aílton e Zico; Bebeto, Renato Gaúcho e Zinho.

[noé ae?!] MORENO VELOSO e PEDRO SÁ

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

[premiouirapuru] QUAL O MELHOR DISCO DE 2010 - Eliminatórias

Já está no ar a fase preliminar de votação do prêmio musical mais libertário do país. Durante o ano de 2010, os 3,4 mil membros de nossa comunidade no orkut criaram um acervo de links pra download, com notícias de lançamentos de álbuns e músicas, mais debates acalorados sobre os melhores e os piores do ano.

Um apanhado musical brasileiro muito rico e diversificado, construída de maneira colaborativa pelos próprios membros e burlando leis obsoletas sobre download.

Todos os álbuns que tiveram seus links postados, e os presenteados à redação, estão concorrendo. No máximo 29 deles passam pra fase final, que vai do dia 17 de janeiro até o final de fevereiro.

Para votar: participe de nossas enquetes eliminatórias (somente pra quem tem perfil no Orkut e é membro de nossa comunidade)

Para acompanhar notícias: @premiouirapuru

Todos vencedores: Público e Crítica Animal

Vencedores de 2009: Público e Crítica Animal

Álbuns que concorrem ao Prêmio Uirapuru de 2010: acesse aqui (lista atualizada com mais discos que a postagem original)

Agradecimentos:
Comunidade O DILÚVIO no Orkut
Eu Ovo
Law

===========================================

Prêmio UIRAPURU de Música Brasileira
Os Melhores de 2010


regulamento:

- classificam-se pra fase final o mais votado em cada uma das 10 enquetes preliminares + 18 mais votados no geral de todas enquetes (em números absolutos e não percentagem) + 1 mais lembrado na opção ‘outro! qual?’

- em caso de empate no primeiro lugar na fase preliminar, os álbuns em questão não se classificam como primeiro de cada enquete, e sim passam a concorrer pro uma vaga na final entre os mais votados no geral.

- em caso de múltiplos empates entre os mais votados no geral preliminar pela última vaga na final, nos damos o direito de exclui-los, pois o limite que a ferramenta permite pra enquetes é 30.

- obrigatoriamente a fase final terá uma opção chamada ‘outro? qual?’. Ou seja, todos continuam concorrendo!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

[cc] BOA VIAGEM

::txt::China::

Essa música estará no meu próximo disco, Moto Contínuo.


Ainda não tá finalizada, mas meu amigo Pedro Escobar fez esse vídeo tão bem feito, que eu resolvi colocar aqui pra vocês darem uma sacada na música e no processo de gravação. Estas imagens são do dia que eu gravei voz nela.


É apenas um esboço, mas já dá pra sacar alguma coisa.
olhaí, minha pérola...diz se eu não sou limpeza?!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

[noé ae?!] PROJETO MÚSICA CEREBRAL

[agencia pirata] PMDB: MUSEU DA POLÍTICA BRASILEIRA

[premiouirapuru] LISTÃO COM OS INDICADOS A MELHOR DISCO DE 2010

::lst::Comuna O DILÚVIO Orkut::

Já está no ar a fase preliminar de votação do prêmio musical mais libertário do país. Durante o ano de 2010, os 3,4 mil membros de nossa comunidade no orkut criaram um acervo de links pra download, com notícias de lançamentos de álbuns e músicas, mais debates acalorados sobre os melhores e os piores do ano.

Um apanhado musical brasileiro muito rico e diversificado, construída de maneira colaborativa pelos próprios membros e burlando leis obsoletas sobre download.

Todos os álbuns que tiveram seus links postados, e os presenteados à redação, estão concorrendo. No máximo 29 deles passam pra fase final, que vai do dia 17 de janeiro até o final de fevereiro.

Para votar: participe de nossas enquetes eliminatórias (somente pra quem tem perfil no Orkut e é membro de nossa comunidade)

Para acompanhar notícias: @premiouirapuru

Todos vencedores: Público e Crítica Animal

Vencedores de 2009: Público e Crítica Animal

Álbuns que concorrem ao Prêmio Uirapuru de 2010: acesse aqui (lista atualizada com mais discos que a postagem original)

Agradecimentos:
Comunidade O DILÚVIO no Orkut
Eu Ovo
Law

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Prêmio UIRAPURU de Música Brasileira
Os Melhores de 2010


regulamento:

- classificam-se pra fase final o mais votado em cada uma das 10 enquetes preliminares + 18 mais votados no geral de todas enquetes (em números absolutos e não percentagem) + 1 mais lembrado na opção ‘outro! qual?’

- em caso de empate no primeiro lugar na fase preliminar, os álbuns em questão não se classificam como primeiro de cada enquete, e sim passam a concorrer pro uma vaga na final entre os mais votados no geral.

- em caso de múltiplos empates entre os mais votados no geral preliminar pela última vaga na final, nos damos o direito de exclui-los, pois o limite que a ferramenta permite pra enquetes é 30.

- obrigatoriamente a fase final terá uma opção chamada ‘outro? qual?’. Ou seja, todos continuam concorrendo!

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2ois – A Quarta Ponte
A Banda de Joseph Tourton – A Banda de Joseph Tourton
A Roda – La Estructura
Afonsinho – Voz e Viô
Alcione – Sabiá Marrom: O Samba Raro de Alcione
AlmaZ – Seu Jorge and AlmaZ
André Abujamra – Mafaro
Andreia Dacal – Afirmativa
Andreia Dias – Vol. 2
Angela Ro Ro – Escândalo
Angra – Aqua
Apanhador Só – Apanhador Só
Ari Borger Quartet – Backyard Jam
Arícia Mess - Onde mora o segredo
Arnaldo Antunes – Ao Vivo Lá em Casa (senha: rcd)
Arranco de Varsóvia – Pãozinho de Açucar
Assis Medeiros – Baiãozinho Nuar
Aurélio e Seus Cometas – Clube dos Descontentes
Badi Assad – Badi Assad
Baia – Baia no Circo
BaianaSystem – BaianaSystem
Barbara Eugênia – Journal de BAD
Batavito – Tudo Agora
BeatBass HighTech – Reza pro Rei Sol
Beeshop – The Rise and Fall of Beeshop
Belle – Historias (senha: rcd)
Ben Roots – Ben Roots
Bicicletas de Atalaia – Bicicletas de Atalaia
Black Drawing Chalks – Live In Goiânia (senha: rcd)
Bodes & Elefantes – Behold the Ice Goat
Breculê – Vidas Volantes
Cabruêra – Visagem
Caju & Castanha – Festival de Emboladas
Caldo de Piaba – Vol. 2
Camarones Orquestra Guitarristica – Camarones Orquestra Guitarristica
Capim Maluco – Astronauta 2012
Capital Inicial - Das Kapital
Carlinhos Brown – Diminuto
Carlinhos Brown – Adobró
Carlos Navas – Tecido
Carlos Pontual - Inventa Qualquer Coisa (sem link no momento)
Celso Fonseca – Voz e Violão
Celso Sim – Vamos Logo sem Paredes
Celso Viafora – Batuque de Tudo
Cérebro Eletrônico – Deus e o Diabo no Liquidificador
César Menotti & Fabiano - Retrato
Cibelle – Las Vênus Resort Palace Hotel
Cityalltech – Entrada Reconstruir
Cohen e Marcela – MiM, um Disco Romântico
Coisa Linda Sound System – Rochedo de Penedo
Cristina Buarque e Terreiro Grande – Cantam Candeia
Dalva Suada – Dalva Suada
Dead Fish & Mukeka Di Rato – Split
Delta Cockers – A Revanche do Robô
Diego e o Sindicato – Parte de Nós
Diego Moraes – Meus Idolos
Diogo Carvalho – Impressionism
Djavan – Ária
DJ Tudo – Nos Quintais do Mundo (My Community is Humanity)
DNBB003 - White Label
Dorgas – Verdeja Music
Do Amor – Do Amor
Ecos Falsos – Quase
Edgar Scandurra - Ao Vivo
Edson Cordeiro – Woman's Voice
Edu Lobo – Tantas Marés
Eek – Fantasia de equilibrista
E.M.I.C.I.D.A. – Emicídio
Endorama – Endorama
Eumir Deodato – The Crossing
Ex-Exus – Pau, Brazil!
Fabiana Cozza – Quando o Céu Clarear
Fábio Carvalho – No Chão do Abá
Fake Number - Fake Number
Fausto Nilo – Quando Fevereiro Chegar: Uma Lírica de Fausto Nilo
Feira Livre – Tudo Isso é Muito Mais
Fino Coletivo – Copacabana
Firebug – Outra Coisa
Fluxo – Visões Remanescentes – Lado A
Fresno - Revanche
Gabi Amarantos – Dominação
Gafieira São Paulo - Gafieira São Paulo
Garotas Suecas – Escaldante Banda
George Israel – 13 Parcerias Com Cazuza
Giancarlo Rufatto – Machismo
Gilberto Gil – Fé na Festa
Gisele de Santi - Gisele de Santi
Gonzaga Leal – E o Que mais Aflore
Gork – Tomorrow Tecnik
Guizado – Calavera
Gulivers – Em Boas Mãos (senha: rcd)
Gustavo Telles e Os Escolhidos – Do seu Amor, Primeiro é Você Quem Precisa
Grupo Rumo e Geraldo Leite – Sopa de Concha
H.E.R.O. – No Matter What they Say
Herod Layne – Absentia
Holger – Sunga
Huaska – Bossa Nenhuma
Ilessi – Brigador
Inimigos da HP – Amigos da Balada
Inverness – Somewhere I can hear my heart beating
Itamar Assumpção – Pretobrás II: Maldito Vírgula
Itamar Assumpção – Pretobrás III: Devia ser Proibido
Ivan Lins – Intimo
Ivete Sangalo – Ao Vivo no Madison Square Garden
Jair Naves – Araguari
Jair Oliveira e Luciana Mello – O Samba me Cantou
Jennifer Lo-Fi - Summer Session
João Brasil – Black Album Brasil
João Brasil – De Leve Ventura
João Brasil – Let it Baile
João Brasil – Mash Mash Calypso
João Brasil – Mash Mash Carnival Hits
João Brasil – OK MPC
João Brasil – Rap Racional
João Brasil – The Baile Side of the Moon
João Brasil – This is Mashing
João Brasil – Tom Jobim Loves Baile Funk
João Donato e Paula Morelenbaum – Água
João Donato Trio – Sambolero
João Sabiá – My Black, My Nega
John Bala Jones – Vida de Luxo
Johnny Pennera – Johnny Pennera
Jr. Black – RGB
Juliana R. – Juliana R.
Karina Buhr – Eu Menti pra Você
Labirinto – Anatema
Lenine – .Doc Trilhas
Leo Mancini – Acoustic Hits
Leoni – A Noite Perfeita
Lestics – Aos Abutres
Letieres Leite – Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz
Looking For Jenny – Random Walk
Loomer – Coward Soul
Los Pirata – Les Show
Love Bazucas – Love Bazucas
Lu Alone - Lu Alone
Luanda Cozetti e Tony Pelosi – A Voz a Música
Lucina – Mais do que Parece
Lucy and the Popsonics – Fred Astaire
Luisa Maita – Lero-Lero
Lulina – Meus Dias 13
Lulu Santos – Acústico MTV II
Lurdez da Luz – Lurdez da Luz
M.Takara 3 – Sobre Todas e Qualquer Coisa
Mãe do Ladrão – Desconstrução
Maldita – Nero
Maquinado – Mundialmente Anônimo (O Magnético Sangramento da Existência)
Marcelo Camelo – MTV Ao Vivo
Marcelo D2 – Canta Bezerra da Silva
Marcelo Jeneci – Feito pra Acabar
Maria Gadú – Multishow ao Vivo
Mariana Baltar – Mariana Baltar
Marina de La Riva – Ao Vivo
Marisa Orth – Romance Vol. II
Marku Ribas – 4 Loas
Martinalia – Em África ao Vivo
Martinho da Vila – Poeta da Cidade
Martinho da Vila – Filosofia da Vida
Massarock – Massarock
Mateus Aleluia – Cinco Sentidos
Mateus Sartori – Franciscos na Voz de Mateus Sartori
Mathilha – Eis o Som
Mauro Aguiar - Transeunte
Mecanismo Natural – Ativando Mecanismos
Mechanics – 12 Arcanos senha: rcd
Messias – Escrever-Me, Envelhecer-Me, Esquecer-Me
Mini Box Lunar – Mini Box Lunar
Miranda Kassin & André Frateschi – Hits do Underground
Mombaça – Afromemoria + Pretinhosidade
Mombojó – Amigos do Tempo
Monica Feijó – A Vista
Monique Kessous – Monique Kessous
Monobloco – 10 ao Vivo
MV Bill – Causa e Efeito
My Midi Valentine – My Midi
Nando Reis e Os Infernais – Bailão do Ruivão MTV Ao Vivo
Nantes – Alvorada
Nasi – Vivo na Cena
Nevilton – Pressuposto (senha: rcd)
Nina Becker –Azul
Nina Becker – Vermelho
M. Nalesso & The Big Bang Band – Memorial
Novos Bossais – A Bossa Bem Mais Nova
Nx0 – Projeto Paralelo
Oito Mãos – Vejo Cores Nas Coisas
Ortinho – Herói Trancado
Os~ - Ostil
Os Esfervecentes – Os Esfervecentes
Os Replicantes - Os Replicantes 2010 (sem link no momento)
Osvaldinho da Cuíca - 70 anos
Oswaldo Montenegro – Canções de amor
Pata de Elefante – Na Cidade
Paulinho Moska – Muito + Pouco
Pedra Letícia – Ao Vivo e Sem Retoques
Pedro Luís & a Parede – Navilouca ao Vivo
Ponto de Equilibrio – Dia Após Dia Lutando
Pouca Chinfra – Pouca Chinfra
Psilosamples – As Aventuras de Zé no Planeta Roça
Pump Killa – Ragga Fogo
Quarto Negro – Bom Dia, Lua
Rabecado – Cerca Viva
Rafael Laguna – Lo-Fi High Dreams
Rapadura – Fita Embolada
Rashid – Hora de Acordar
Renato Godá – Canções para Embalar Marujos
Replace - Vida de Papel
Restart - Recomeçar
Roberta Campos - Varrendo a Lua
Rodrigo Maranhão – Passageiro
Rodrigo Santos – Waiting on a Friend
Rogê – Fala Geral
Rogerman – Pompéia Vol. 1
Rosie and Me – Bird and Whale
Roupa Nova – 30 Anos ao Vivo
Sabonetes – Sabonetes
Sambô – Ao Vivo no Mata Café
Sandy Leah – Manuscrito
Santa Maria da Feira – Santa Maria da Feira
Saravah Soul – Cultura Impura
Satanique Samba Trio - Satanique Samba Trio
Sem Horas – Sem Horas
Sérgio Britto – SP55
SICK4U – DNBMCD001
Silvia Machete – Extravaganza
Single Parents – Could You Explain?
Skank – Multishow ao Vivo Skank no Mineirão
Some Community – RinoRino
Strike - Hiperativo
Sua Mãe – The Very Best of the Greatest Hits
Superguidis – Superguidis
Tatiana Parra – Passagem
Team Radio – White Tokyo
Telesônica – Escapatória
Terminal Guadalupe – O Explorador de Telhados
The Cigarretes – Happiness, Glory and Calmness
The Midnight Sisters – Whatever Happened To Jackie Faye
Thiago Petit – Berlim, Texas
Thiago Amud - Cadê Sacradança
This Lonely Crowd – Ephemeris
Tom Zé – O Pirulito da Ciência (pt1) e (pt2)
Trash Pour 4 – Something Stupid
Trio Esperança – De Bach A Jobim
Túlio Borges - Eu venho vagando no ar
Tulipa Ruiz – Efêmera
Ubella Preta – Água de Jamaica
Vanessa da Matta – Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias
Vavá Afiouni e o Toró de Palpite – O Papo do Bicho
Vespas Mandarinas – Da Doo Ron Ron
Vinicius Cantuária – Samba Carioca
Violins – Greve das Navalhas
Walverdes – Breakdance
Wanderleia – Ao Vivo
Wassab – Wassab
Willians Marques – Pindorama
Wilson das Neves – Pra Gente Fazer Mais um Samba
Zé Ramalho – Canta Jackson do Pandeiro
Zé Renato e Renato Braz – Papo de Passarim
Zeca Baleiro – Concerto
Zeca Baleiro – Trilhas
Zeca Pagodinho – Vida da Minha Vida
Zéu Britto – Saliva-Me ao Vivo
Zizi Possi – Cantos e Contos Volume 1
Zizi Possi – Cantos e Contos Volume 2

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

[agência pirata] LULA E FIDEL

[over12] A IGREJA NA TV



::txt::China::
::ilstrç::Kika Novaes::

Estou aqui na sala da minha casa, de frente pra TV, assistindo a um programa da Igreja Universal. Nada contra os protestantes ou qualquer outro tipo de religião. Eu mesmo já fui coroinha, e todo domingo levava os óleos que o padre usava na missa, apesar de querer mesmo levar o incensário. Gosto da fumaça. Mas, voltando ao assunto... nada contra as religiões, só que fiquei espantado com o que assisti.

O programa já começou com uma sessão de descarrego pesada (mas é madrugada, o horário permite). Tinha uma mulher virando os olhos e se remexendo toda, enquanto três caras seguravam ela. O pastor, gritando feito um louco, apertava o crânio da criatura com tanta força que doía até em mim. Depois de alguns gritos de ordem, como "sai satanás, que este corpo é do senhor" e "deixa essa alma em paz", o pastor deu um empurrão na mulher, que apagou completamente e ainda derrubou um dos caras com ela. Na hora eu pensei: porra, esse cara pode curar minha insônia!

Depois de alguns descarregos e muitos gritos, o pastor se acalmou. Andou bem devagar de um lado para o outro e se colocou atrás da mesa, no altar. Mandou os fiéis sentarem, tomou um gole de água e começou a contar uma passagem da Bíblia. No início a expressão do pastor era serena, mas quando ele falou num tal de Lúcifer, meu velho, o homem pegou ar. Arrancou o paletó, começou a gritar, esbravejar e deu vários tapas na Bíblia. Era cada tapa no livrinho que chegava a atrapalhar o som da sua voz no microfone. Pá, pá... satanás, Lúcifer, pá, pá. Será que esse pastor não sabe que rola a maior campanha para cuidar bem dos livros? E os gritos? Imagino que ali estavam várias pessoas com algum tipo de problema, físico ou psíquico. Com certeza devia ter algum surdo. Mas o pastor tinha que gritar daquele jeito? Um cara que grita para impor suas opiniões, com certeza, não tem uma opinião interessante.

Às vezes ele mudava o tom de voz e falava bem baixinho, para logo depois berrar "PORQUE SATANÁS...", numa altura que chegava a distorcer o som nas caixinhas da TV. Comecei a perceber que era uma artimanha do pastor para trazer de volta os fiéis mais dispersos. Mas me dei conta de que, na verdade, aquele porra tava era sacaneando a turma, pois ninguém conversava. Pense em você num grande galpão, cheio de gente olhando para o teto e rezando, e um cara dando uma caralhada de gritos? Não tinha como alguém ficar disperso. Mas o pastor continuava modulando a sua voz e dando tapas na Bíblia.

A imagem do templo foi cortada. Acho que era só uma “palhinha” do que você vai encontrar se quiser aparecer por lá. Agora estou vendo uma sala branca com uma cascata rolando num cromaqui. Natureza, para ser mais exato. Tudo clean, tudo azul. Adão e Eva no paraíso. A câmera tá andando. Tem uma mesa marrom que parece um caixão, e um cara sentado numa grande poltrona atrás da mesa, que está com alguns livros em cima... e, sim, tem uma Bíblia. Acho que esse cara é pastor também. Vou aumentar o volume para ouvir o que ele diz, pois está falando baixo.

A partir deste momento escrevo em real time, olhando para a TV e transcrevendo para vocês o que vejo. Ele fala sobre o valor da vida. Papo água da porra! Só conversa mole. Coloca a mão em cima da Bíblia bem devagar. Parece estar acariciando a palavra do senhor. Agora ele pega outro livro e mostra a capa para as câmeras. Continua falando da vida e insere o livro no contexto.

Claro! Como eu não me liguei nisso. O pastor manso está vendendo o livro. E não só ele, mas a série toda. Quatro volumes por 58 reais. É o que está escrito na tela. O pastor agora diz que, depois dos comerciais, voltará para dar uma benção na gente. Vou esperar.

Engraçado esse sistema que eles usam. No culto gritam, e no marketing falam baixo. Devia ser o contrário. Mas se eles conseguem vender mesmo esses livros, os ambulantes da cidade deveriam pegar umas aulas, pois nem se esguelando, os coitados apuram algum no fim do dia. Opa, volta a transmissão. O pastor manso tá com a Bíblia nas mãos. Pede pra gente levantar e colocar as mãos pro céu (a gente, que eu falo, são todas as pessoas que, como eu, estão assistindo esse programa). Vou ter que parar de escrever. 6 minutos depois...

Pronto. Fui benzido via NTSC, ou PAL-M, não sei ao certo. Tomara que tenha funcionado. Queria ligar pra saber quanto tempo dura essa benção, mas na tela só aparece um telefone para pedidos de oração. Porra! Se eu quiser rezar por alguém, eu mesmo faço isso, né? Vou economizar essa grana e tentar dormir. No domingo de manhã assistirei a missa do padre Marcelo Rossi, na rede globo, para fazer uma comparação mais embasada. Aleluia, irmão!

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