#CADÊ MEU CHINELO?

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O CARROSSEL É LARANJA



:txt: Monsenhor Jacá__

Ok, a seleção holandesa desta copa não chega aos pés da inesquecível laranja mecânica, ou carrossel holandês, de 1974. Aliás, não pude assistir esse time, pois papai e mamãe ainda não tinham feito o "papai e mamãe" que me colocou sob a luz do sol.

Mas vi os ótimos times da Holanda de 88, 94 e 98, e posso afirmar que o atual time é, no mínimo, mais confiável. Tem um ótimo goleiro, uma zaga sem firulas, um meio campo comprometido com o toque e a pouca exposição, e um ataque brilhante. Tá certo que atacam em doses homeopáticas, mas quando vão pra cima tem poder de decisão e eficiência.

E é justamente esse quarteto ofensivo que pode decidir um jogo a qualquer momento: Kuyt, Van Persie, Sneijder e Robben. É um carrossel que procura atacar em contra ataques, mas ataca com quatro jogadores, todos talentosos.

Essa diferença poderá ser decisiva contra a retranca canarinha. Sexta feira saberemos a resposta.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

TEVEZ NÃO ESTAVA IMPEDIDO

NOÉ AE?!: Peru, NY

FUTEBOL É ARTE

:txt: Tiago Jucá Oliveira__

Existem no mundo duas raças completamente desprezíveis: marxistas e amantes do futebol burocrático. Aquele jogo que só busca o resultado, na base da força e da retranca, é o que há de pior no espetáculo bretão. Porém, há porém, há um caso diferente. O único marxista que vale a pena perder o tempo pra ler sua obra se chama Eric Hobsbawm. Exceto ele, os marxistas são incapazes de criticar as ditaduras soviéticas e cubanas, pois não tem espelho em casa nem cérebro suficiente pra elaborar uma autocrítica. Esses comedores de caviar não admitem que o nacional socialismo (na Alemanha, o partido nacional socialista abreviou o nome pra nazista) foi e é um regime autoritário, sem liberdade de expressão, na base da chibata aos opositores.

Hobsbawm consegue pensar. E tem uma escrita super maneira. Dele já li Bandidos, Rebeldes Primitivos, Revolucionários e História Social do Jazz, além de toda a série “Era” (das Revoluções, do Capital, dos Impérios, dos Extremos – aliás, sugiro a ele já começar, antes de morrer, a escrever a atual Era do Terror). O texto dele é incrível. A análise histórica, social, cultural e política são fantásticas e profundas, com argumentos e raiz. Como dizia os irmãos Maicá lá em Santo Cristo, “é com fundamento”.

Você, amigo leitor (prefiro o inimigo leitor), saberá onde quero chegar. Aliás, já cheguei, antes de você, que está aí parado a ler este texto, enquanto eu estou a fazer algo muito melhor. Eric Hobsbaw, no brilhante e essencial livro Era dos Extremos, afirma que, durante o breve século XX, “ no campo da cultura popular, o mundo era americano ou provinciano. Com uma exceção, nenhum outro modelo nacional ou regional se estabeleceu globalmente, embora alguns tivessem substancial influência regional, e um toque exótico ocasional entrasse na cultura popular comercial global de vez em quando, como os componentes caribenhos e lati-no-americanos de dança e música. A única exceção foi o esporte. ”

Opa, você irá dizer que esporte, principalmente futebol, não é cultura. Sim, você deve ser fã do Dunga ou do Fidel. Ouça Hobsbawm: “e quem, tendo visto a seleção brasileira em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte ?” Nesta época de Copa do Mundo (pena que acaba logo e voltemos a nos alienar com política e eleição) nossa seleção está com pouca arte. O único artista é Robinho, pois Kaká ainda se recupera duma contusão e Luís Fabiano está mais pra um matador, e dus bão, diga-se de passagem. Sem esquecer que o burro anão deixa Nilmar e Ramires no banco, e afogou o Ganso em alguma praia de Santos.

Ah, este texto que você ainda não acabou de ler, devido a sua lentidão típica dum Felipe Melo, foi escrito no dia de São João, véspera do confronto contra a seleção cruz maltina e após a exibição de dois belos artistas na Copa: Robben, do País Baixo, e Honda, do escrete nipônico. Ou seja, estou muito influenciado pela arte vista hoje, dia em que escrevo, e sem saber dos rumos de nossa seleção canarinho na Copa. Você talvez já saiba disso.

E se o leitor burocrático me contestar, ao dizer que futebol arte não vence, sugiro uma pesquisa no assunto. E irá saber dos fantásticos times do Brasil em 58, 62 e 70, ou da Argentina de 86, o Mengão de 81, a Máquina Tricolor de 83 e 2001, o Colorado de 75 e 76, o Verdão de 93 e 94, o Timão de 98 e 99. Futebol é arte. Nada mais.

domingo, 27 de junho de 2010

NOÉ AE?!: Tonho Crocco e Ulisses Bezerra

SELEÇÃO PRIMEIRA FASE

:txt: Monsenhor Jacá__

Muslera (Uruguai)

Nenhum gol tomado.

Lahm (Alemanha)

Eficiência na defesa, no apoio e nos cruzamentos.

Lugano (Uruguai)

Raça, técnica e liderança.

Lucio (Brasil)

Raça, técnica e liderança [2].

Heinze (Argentina)

Ninguém jogou mais do que ele nessa posição com poucos destaques na Copa.

Sheijder (Holanda)

Sem Robben, virou o cérebro da laranja.

Donovan (América)

O craque do time americano.

Honda (Japão)

A revelação da primeira fase. Filho de Zico.

Forlan (Uruguai)

O maestro cisplatino. Faz golaços e dá assistências precisas.

Villa (Espanha)

Não fosse um penalty perdido, e outra bola na trave, seria goleador isolado.

Craque:

Messi (Argentina)

Só faltou chover e meter uma bola na rede, pois o resto ele fez tudo.

Técnico:

Low (Alemanha)

Mudou as características do futebol duro da Alemanha. Apostou nos jovens.

Time:

Holanda

Não é um carrossel, mas não é uma carrocinha. Time que toca bola e ataca com naturalidade. Aproveitamento cem per cento.

sábado, 26 de junho de 2010

SELEÇÃO TERCEIRA RODADA

:txt: Monsenhor Jacá__

Goleiro:

Julio Cesar (Brasil)

Joga com proteção nas costas e ainda faz milagre com a ponta dos dedos.

Lateral direito:

Lahm (Alemanha)

Não fez nada demais, mas ninguém fez mais do que ele na rodada.

Zagueiros:

Lucio (Brasil)

Parou Ronaldo, o melhor em campo, de acordo com alguém que não entende de futebol.

Lugano (Uruguai)

A segurança de sempre.

Lateral esquerdo:

Salcido (Uruguai)

Não brilhou, mas não falhou.

Meio Campo:

Kopunek (Eslováquia)

Entrou em campo pra eliminar a Azurra. No primeiro toque na bola, gol eslovaco. E ciao Itália.

Endo (Japão)

É falta na entrada da área, adivinha quem vai bater … é o discípulo do camisa dez da Gávea.

Özil (Alemanha)

Brilha muito no chucrutz. Nem jogou tão bem, errou alguns passes. Mas foi decisivo através de um golaço.

Ataque:

Messi (Argentina)

Ele. Consegue fazer o impossível. Tipo passar a bola pro Palermo tabelando com a trave.

Honda (Japão)

Fez gol de falta, driblou, armou, só não entrou com bola e tudo porque teve humildade em gol. Deu uma finta no zagueiro dinamarquês, olhou prum lado, enganou o goleiro, sem ser fominha, e deu de bandeja pro colega só meter pro fundo das redes.

Villa (Espanha)

Fez um golaço de longe, pegando de prima uma bola rebatida pelo arqueiro chileno. Depois deu o passe pro gol que classificou os hispânicos pro clássico ibérico.

Técnico:

Okada (Japão)

A equipe japonesa foi a grande sensação da terceira rodada. Deu espetáculo. Parecia um time brasileiro. Zico fez escola na terra do sol nascente.

Craque:

Honda (Japão)

Definição mais exata pro Honda não há: o cara tem muitas cilindradas.

Melhor time:

Japão

A motocicleta japonesa, o sushi mecânico.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A MOTOCICLETA É JAPONESA




O futebol do País Baixo trouxe ao mundo na década de 70 o famoso e envolvente carrossel holandês, comandado por Johan Cruyff. A seleção japonesa, nesta Copa da África do Sul, até então tava mediana. Não a partida contra Camarões, e contra a Holanda jogaram mal. Ontem tive a oportunidade de ver os nipônicos, e dei sorte.

O Japão nasceu pro futebol após a ida de Zico pra jogar bola no campeonato deles. Mostrou como tratar a bola com carinho. Depois veio a Copa do Japão/Coréia (do Sul, óbvio, pois na do Norte só tem mísseis apontados pros inimigos imaginários da ditadura comunista), e os japoneses sentiram como é bom e bonito o esporte bretão quando é disputado pelos melhores jogadores do mundo.

Enfim, Zico retornou pra ser técnico da seleção nippon pra Copa de 2006. O time não passou da primeira fase, mas, sem rimar rimando, Zico montou uma base. E, pelo visto, ensinou alguns fundamentos a eles. E, você leitor, sabe, que não é difícil ensinar aos japas, pois eles aprendem rápido. Semelhante a eles no quesito ensinou-aprendeu, somente os portugueses. Dizem que os portugas só praticam basquete uma vez por semana, pois alguém falou pra eles que o objetivo desse esporte é jogar bola na cesta. Observe a tradição do país no basquete, e você verá que o aprendizado teve efeito.

Pois bem. Contra a Dinamarca, o Japão jogou como Zico. Numa Copa em que a Jabulani tem atrapalhado os gols de falta, os caras foram lá e fizeram dois golaços, a la Galinho de Quintino em seus melhores momentos com o Mengão ou com a Canarinho.

E um de seus jogadores me chamou a atenção. Minha não, do mundo todo. Keisuke Honda. Fez gol de falta, driblou, armou, só não entrou com bola e tudo porque teve humildade em gol. Deu uma finta no zagueiro dinamarquês, olhou prum lado, enganou o goleiro, sem ser fominha, e deu de bandeja pro colega só meter pro fundo das redes. Melhor definição pro Honda não há: o cara tem muitas cilindradas!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

DUNGA: A TPM QUE NÃO PASSA



:txt: Bruno Mazzeo__

Pronto. Já formei minha opinião: acho o Dunga um mala. Mala no sentido mais possível da expressão. Sem alça. De papelão em dia de chuva. Praticamente um contêiner. Não cabem aqui críticas ao seu trabalho, muito já se falou disso e todo mundo sabe que nossa caminhada rumo ao hexa vai ser com um Felipe Melo aqui, um Josué acolá. Falo da sua postura. Arrogante, prepotente e, no mínimo, mal-educado. Não necessariamente com os jornalistas que fazem as perguntas e considerações que tanto o deixam irritadinho, mas com o público, os torcedores brasileiros que querem e têm o direito de ouvir suas considerações, por mais idiotas que possam ser.

Uma das mais perfeitas expressões populares é "não sabe brincar, não desce pro play". E Dunga não só não sabe brincar, como ainda recolhe os brinquedos quando perde. Como uma criança mimada. Não me lembro de um técnico da seleção que não tenha sido questionado, ainda mais se tratando de um país onde todos são técnicos. Seja a falta de ponta do Telê ou a retranca do Parreira, nunca houve uma unanimidade. Nem vai haver. Até mesmo Zagallo, o maior vencedor de todos, teve que berrar para ser engolido. Cabe ao questionado usar argumentos para explicar suas decisões. Como fez o Felipão falando o porquê de deixar o Romário de fora, quando todo o Brasil clamava pelo Baixinho. Concordando ou não, era uma explicação, um raciocínio, uma lógica. Respeita-se e pronto.

Dunga não aceita críticas e nem justifica nada. Em vez de argumentos, usa sua cara de mau, seus erros de concordância e - mais recentemente - um ou outro palavrão. Me parece que o rancor pelas críticas surgidas em 90, começo da Era Dunga, ainda não foram superadas. Ficaram impregnadas dentro dele, como se tivesse eternamente que provar alguma coisa. Ora, isso já passou. Ou deveria. Logo na Copa seguinte, quando virou capitão, líder e, com toda a justiça, ergueu a taça. Ali as bocas já tinham sido caladas. Ele continuou xerife da seleção, respeitado e mesmo admirado pelos torcedores. Encerrou a vitoriosa carreira de jogador e, ao começar a de técnico, trouxe de volta a raivinha.

Claro que a responsa por ter contrariado a nação com sua convocação mediana tem um preço. Nem que seja o das críticas. Até voltar com o hexa e calar a boca de todo mundo. E essa é a resposta que queremos. Porque, quando a bola rola, todo mundo esquece que o Felipe Melo tá ali e torce como se fosse o Ganso. Assim como ninguém mais fica enchendo o saco do Felipão por ele ter preterido Romário. Preço que ele ia pagar caso não ganhasse o título. Como Parreira pagou na última Copa com a insistência nos veteranos que arrumavam meiões e não tinham comprometimento.

Que TPM é essa que não passa nem depois de uma vitória "convincente" como a contra a Costa do Marfim? As aspas foram porque, a mim, não convenceu tanto. Desculpe o mau humor. Acho que baixou um Dunga por aqui.

Continuo achando o time brasileiro assim assim. Mas como é assim assim a Copa, temos chances de voltar com a taça. E Elano, com dois gols em dois jogos, é a consagração do jogador mediano.

Acho que foi Camarões, em 90, a primeira seleção africana a encantar o mundo com sua alegria. Depois vieram Nigéria e até mesmo Senegal. Os africanos viraram o América, o segundo time de todos nós. Mas de um tempo pra cá, não só esqueceram a alegria, como passaram a usar da raiva. O que fizeram os jogadores da Costa do Marfim contra o Brasil foi revoltante. Se fosse no Maracanã, sairiam de campo aos gritos "timinho". É a globalização da Era Dunga.

Totalmente injusta a expulsão do Kaká. Não houve nenhum revide, nenhuma peitada, nada. Ele simplesmente vacilou ao não ficar invisível para deixar o cara passar. Ou talvez tenha sido o fato de ele ter xingado o zagueiro africano de "cabeça de melão".

Que golaço o do Luís Fabiano, hein? Por mais que tenha sido um gol(aço) de pelada, levou até o juiz a abrir uma licença poética e fingir que não viu seus toques de mão. Um gol daqueles não merece ser anulado.

Só não foi mais bonito do que o do Vivinho. Lembra?

terça-feira, 22 de junho de 2010

QUEM É DIDIER DROGBA?



:txt: Dennis de Oliveira

Didier Drogba foi xingado pelo técnico Dunga, logo após a partida vencida pela seleção brasileira - o técnico brasileiro disse "Drogba de merda". No início do jogo, foi pisado na mão de forma desleal pelo zagueiro Lúcio - desleal porque todos sabem que o jogador marfinense estava contundido na mão. Em todo momento da partida tensa, tentou apaziguar os ânimos. No final da partida, foi cumprimentar os jogadores brasileiros. Declarou à imprensa que a seleção brasileira mereceu a vitória e que faltou futebol para o seu time.

Drogba foi um campeão da serenidade, infelizmente ofuscado pelo ufanismo nacionalista e postura preconceituosa e racista de parcela considerável da mídia brasileira que não admite enfrentamento aos jogadores brasileiros por parte de oponentes do Terceiro Mundo - daí a raiva expressa contra os times sul-americanos, principalmente a Argentina - e uma certa veneração aos europeus. Ouvi o comentarista Caio, da Globo, dizer que a "Itália não pode ficar de fora", logo após o vexaminoso empate do "campeão do mundo" com a poderosa Nova Zelândia em 1 a 1.

Mas porque Drogba teve este comportamento? Algumas informações:

- Didier Drogba lançou, junto com Koffi Anan, o Guia Alternativo da Copa do Mundo, em que analisa as diferenças sociais e econômicas dos países que disputam o Mundial e apresenta propostas de como as relações podem ser mais equilibradas na política internacional (veja abaixo a apresentação em português) - para ter acesso ao guia, clique aqui.

- Didier Droga, junto com o franco-argelino Zidane, embaixadores do Programa da Boa Vontade do PNUD/ONU, lançaram um spot de TV chamando todos para o combate a pobreza. Diz Drogba: "Não pode haver espectadores na luta contra a pobreza. Nós todos precisamos estar em campo para melhorar a vida de milhões de pessoas pobres no mundo". Para ver o spot, clique aqui.

- Didier Drogba mantém uma série de projetos sociais de atendimento a crianças na Costa do Marfim e na África, participa de campanhas para erradicação da malária no continente africano. Veja no site oficial de Drogba, clicando aqui.

Enquanto isto, Kaká, o jogador que se colocou como vítima do último jogo e vem sendo tratado como tal pela mídia brasileira, prefere ajudar uma organização criminosa que se traveste de religião e cujos líderes foram presos nos Estados Unidos.

Saudades do Pelé que, pelo menos, dedicou seu milésimo gol às crianças pobres do Brasil. Parece pouco, mas muito mais sensibilidade social que o atual camisa dez da seleção tem. Sem contar que jogava muito - mas MUITO - mais futebol.

A SELEÇÃO DA SEGUNDA RODADA

:txt: Monsenhor Jacá__

Goleiro:

Stojkovic (Sérvia)

Fechou o gol e barrou o poderoso ataque alemão. Catou até um penalty.

Lateral direito:

Esteban Paredes (Paraguai)

Jogou pouco tempo, mas o suficiente pra expor sua agressividade no ataque.

Zagueiros:

Lúcio e Juan (Brasil)

Mostraram raça e categoria. Drogba quase não jogou. E os fortes marfinenses pareciam fracos diante de nossa zaga canarinha.

Lateral esquerdo:

Heinze (Argentina)

Essa posição ainda não rendeu ninguém que se destacasse. E até agora ninguém jogou melhor do que o argentino, que faz lá seu feijão com arroz, mas não compromete.

Meio campo:

Tiago (Portugal)

Ah se o Brasil tivesse um cabra assim. Até temos, mas Dunga preferiu convocar e escalar os cabeças-de-bagre que lembram seus tempos de futebol. Com raras excessões, quem um dia foi jogador medíocre também tende a ser um medíocre técnico. Tiago fez dois golos e foi o destaque português na goleada de 7x0 sobre o seleção da nada democrática Coréia do Norte.

Rommedahl (Dinamarca)

Brilho na vitória dinamarquesa sobre Camarões. Fez um gol, deu passe pra outro e comandou o time em campo.

Raúl Meireles (Portugal)

Foi o comandante da seleção cruz-maltina. Passa, tabela, aparece, triangula e faz gol.

Ataque:

Suárez (Uruguai)

Enfim a celeste olímpica, tão acostumada a lutadores de boxe, nos apresenta um craque de futebol. O cara se multiplica no ataque uruguaio. Atuação decisiva.

Forlán (Uruguai)

Mestre. Nada mais a acrescentar. Pensei que nunca mais haveria algo parecido com Francescoli no futebol cisplatino.

Messi (Argentina)

Preciso dizer algo sobre Lionel Messi? Acho que não.

Técnico:

Maradona (Argentina)

Joga com basicamente quatro atacantes. Estimula o futebol ofensivo. Goleia. E ainda faz aquela graça com la pelota. Aprende com ele, Dunga!

Craque:

Messi (Argentina)

Assim como na primeira rodada, Messi é novamente o craque. Só faltou o gol. Bem, mas aí ele vira deus e haverá uma divisão religiosa na Argentina entre Lionel e Don Diego.

Melhor time:

Portugal

Quem faz sete gols numa partida de copa do mundo merece o prêmio de melhor time da rodada, né? "Ah, mas era contra a Coréia do Norte". E daí? A retranca do Dunga suou pra fazer míseros 2x1 contra o mesmo adversário.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A OUSADIA É ALBICELESTE

:txt: Monsenhor Jacá__

Como é bom ver times que jogam pra frente, com vários atacantes de qualidade, com esquema ofensivo, em busca do gol. Não posso negar que eu era um daqueles que não acreditavam num time treinado por Maradona. Don Dieguito foi um dos maiores jogadores que eu vi, ao lado de Romário, Ronaldo, Ronaldinho, Van Basten e Rivaldo, abaixo somente de Zidane, o maior de todos. Lógico, não vi Pelé, Garrincha e Puskas, e peguei Zico e Platini em fim de carreira. Porém, como técnico, estava deixando a desejar. Basta notar a irregular campanha nas eliminatórias, quando se classificou na última rodada, em partida heróica no Centenário.

Ainda tenho algumas restrições com a pessoa de Maradona. O apoio à ditadura cubana é a principal delas. Mas nem se compara ao ex-perna de pau Dunga, um arremedo de técnico, um esnobe analfabeto nos microfones, um filho da mãe que hei de secar, principalmente se for numa final contra los hermanos albicelestes.

Ao contrário de nossa medíocre, burocrática e retrancada seleção de mentalidade anã, a esquadra Argentina vai pra cima dos adversários, sem medo de ser feliz. Aos poucos, estão me conquistando! Antes disso, gostaria de ver o Dunga dar aquela matada de bola, com categoria. Impossível né? Negócio dele sempre foi dar carrinho e jogar deitado.

Viva o futebol arte!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

BEBIDA É ÁGUA

:txt: Tiago Jucá Oliveira__

Outro dia eu proseava com um crazy man sobre os mashups feitos por João Brasil, e explicava a ele o significado dessa nova onda sonora do século XXI. Segundo ele, o defeito do mashup é a falta de criatividade, pois pegava duas ou mais músicas prontas e nada de original acrescentava. Não deixei barato o equívoco alheio.

Assim como perguntei a ele, questiono a você, perturbado leitor(a): me diga um, não precisa ser mais do que isso, apenas um artista que é ou que pelo menos um dia foi original. Como diria o padre fulano, isso non existe.

Pra alguém ser original, seria preciso ele inventar um instrumento, novas notas musicais, um novo gênero, uma nova língua, entre tantas outras invenções necessárias pra legitimar a originalidade. Isso sem falar nos fatos, lugares, situações, pessoas, comidas, bebidas, drogas e fatores naturais que influenciam todas pessoas.

Àquele amigo citei um exemplo. O que seria dos Beatles sem a influência musical que tiveram, tais como Bob Dylan ou Chuck Berry, etc. E se esses artistas, e outros também que talvez os fab four não curtiam, não usassem a combinação guitarra/baixo/bateria/teclados, os Beatles usariam? Paul ou John acorda do sonho e diz: “nossa banda vai tocar assim, com esses instrumentos que ninguém nunca tocou e será inventado o rock'n'roll”. Conta outra, mané.

Posso ir adiante no pensamento contrário aos que acreditam na lorota do original style. O que seria deles sem a Lucia, sem o céu e sem os diamantes? Haveria “Lucy in the Sky with Diamonds”? E se não usassem drogas? Os Beatles recriaram tudo que havia ao redor deles pra ser o que foram. Eles não eram pessoas isoladas do mundo, cegas e surdas, sem emoções e sentimentos. Aliás, ninguém é assim. Todos nós somos influenciados por alguém, e algo sempre nos inspira a cada momento.

Se aplicar ao jornalismo, veremos o quanto estão errados os jornais que lutam pelos direitos autorais de suas fotos e reportagens, como se eles também fossem autores do fato e das pessoas retratadas. Pense no que seria esses panfletos caso não existissem os acontecimentos, ou, se cada fato acontecido viesse com os direitos de propriedade intelectual embutido no ato.

Quanto cada defunto ganharia de copyright pela morte noticiada? Haveria valores maiores e menores, dependendo da origem do salame? E eu, quantas moedas me dariam pra reportar o meu óbito? Ou então, o preço seria baseado pelo tipo de morte. Talvez. Tragédias são milhões, já uma véia pobre cardíaca algumas moedas, “por caridade, minha filha”. Avião lotado com alguns famosos levaria os jornais a falência.

De tanto ler bobagem, é possível você entender o meu pensar. O homem é um ser recombinante por natureza, a natureza também é. Nada vem do nada. É óbvio que podemos discutir o termo “original”, eu o peguei sob outro aspecto apenas pra defender a obra de João Brasil, que no momento é o grande nome da música brasileira.

O mashup trata-se, no explicar duma breve frase, duma colagem de duas ou mais músicas, como se fossem uma só. João Brasil tem feito um mashup por dia e disponibilizado na internet. A missão dele este ano é entregar 365 recombinações até 31 de dezembro. Seu liquidificador sonoro mesclou o rapper Jay Z com Gilberto Gil, Dorival Caymmi e Rita Lee, Beatles com Deize Tigrona e MC Créu, Bob Dylan com Olodum, Marcelo D2 com Roberto Carlos, entre outras presepadas. Original? Só se for bem gelada.

* Você pode fazer qualquer remontagem com este texto.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A SELEÇÃO DA PRIMEIRA RODADA

:txt: Monsenhor Jacá__

Goleiro:

Enyeama (Nigéria)

Se não fosse ele, Messi seria o goleador e o craque da copa até o momento. Só do zurdo hermano ele salvou três golos.

Lateral direito:

Lahm (Alemanha)

Quando todos reclamam da bola, e até acho que com razão, o alemão cruza uma bola perfeita na cabeça de Klose. Apoio super eficiente.

Zagueiros:

Lugano (Uruguai)

A celeste olímpica ainda não tomou gol. Um pouco graças a ele, sempre guerreiro, mas com categoria. O que para um uruguaio é coisa difícil.

Heitinga (Holanda)

O laranja tem finéis. Desarma bem e sabe sair jogando.

Lateral esquerdo:

Heinze (Argentina)

Joga muito, apesar de não ser lateral de origem. Salvou a Argentina na primeira rodada, e conseguiu a façanha de furar o ótimo goleiro da Nigéria.

Meio campo:

De Rossi (Itália)

Por pouco a Azurra não sai de campo derrotada. Volante moderno, que chega a frente.

Müller (Alemanha)

Grata surpresa. É um ala, mas com funções mais ofensivas do que defensivas, pois a seleção germânica joga com lateral, que cobre na defesa e tabela com ele no ataque.

Özil (Alemanha)

Outra grata surpresa. Joga muito, tem habilidade e visão de jogo.

Podolski (Alemanha)

Tudo que eu disse sobre Müller, só que pela esquerda. Mas já não é surpresa, pois foi o melhor jogador alemão da copa passada.

Ataque:

Messi (Argentina)

Só o heróico goleiro nigeriano pra apagar o brilho de Messi. Se faltou o gol, sobrou iniciativa. Partiu pra cima da defesa da Nigéria aos dribles, chutou em gol, tabelou. Tem tudo pra ser o craque da copa.

Cacau (Alemanha)

Tocou uma só vez na bola. Fez um gol. Quer mais?

Técnico:

Low (Alemanha)

Armou o melhor esquema tático da primeira rodada, soube substituir e parece ser um dos poucos com ideias inovadoras.

Craque:

Messi (Argentina)

Por tudo que eu disse acima.

Melhor time:

Holanda

Parece que a bola foi feita pra esta seleção. Posse do bola, troca de passes, chegada forte ao ataque e marcação que lembram o carrossel de 74.

domingo, 13 de junho de 2010

JUNINEFEST NA COPA

:txt: Monsenhor Jacá__

Três dias de copa e a esperança de arte veste branco. Nós brasileiros temos todos os anos nossas divertidas festas juninas, enquanto os alemães e seus decendentes bebem todo chopp disponível no mundo durante um mês no porre da oktoberfest. Este ano, a alemoada antecipou a festa pra junho.

O esquema de futebol alemão nesta copa é simples, eficiente na defesa com uma envolvente ofensividade. Eu nunca torci pra Alemanha por ser ela uma seleção sem graça, dura e pragmática. O povo alemão não é exatamente tudo isso. Observe o chopp e dança de outubro e seus carnavais de salão e bandinha e você verá um schneider borracho e feliz.

Não vi Gerd Müller nem Franz Beckembauer, mas Rummenigge e Klismann tive a sorte de ver. Fora eles, a Alemanha sempre foi um monte de fuscas. A lesão de Ballak foi uma benção pro bom futebol. Pela média de idade do time alemão, a mais baixa da história deles em copas, conclui-se que a tristeza, o terror, o silêncio e o medo gerados pelo nazi-comunismo, todo eles derrubados há duas décadas em Berlin, deram lugar pra alegre espuma do chopp alemão. Encerrou-se uma geração dividida pelo muro. Enfim!

A seleção alemã tem também qualidades técnicas e táticas. Joga num esquema simples e compacto, com leveza e rapidez. Os dois laterais protegem bem a defesa e avançam pra tabelar com o meio de campo. Os dois volantes sabem jogar e chegam ao ataque pra surpreender o adversário. À frente deles, três armadores. Pelos lados, Muller na direita e Podolski na esquerda lembram os antigos ponteiros de ataque, porém tem funções dos modernos alas sem a necessidade de recuar tanto. E livre pelo meio o criativo Ozil. A referência dentro da área é Klose, e ele só tem até agora onze gols em três copas do mundo disputadas. Pelé fez doze.

Desenhe na cabeça a tática alemã e verá a versátil compactação. Defendem seis, e na frente três cercam a saída de bola do outro time. Quando ataca, podem chegar com dois laterais-alas-ponteiros em cada lado. As jogadas tem boa saída de bola pelos dois volantes e uma boa tabela com Ozil, para a bola chegar em Klose. Se o artilheiro não fizer, tem outros sete jogadores por perto em boas condições ofensivas pra dar assistência ou finalizar.

Ainda está cedo pra falar, e muitas seleções nem entraram em campo ainda. Mas a alegria dum povo unido após a ruína das semi-seculares ditaduras nacionais socialistas em torno de um barril de chopp derramou-se pelo gramado. Até a tão criticada bola está arrotando cevada e salsicha.

Vuvuzelas e chucrutes, uni-vos! O contagiante e alegre colorido dos sul-africanos nas arquibancadas, por enquanto, joga fardado de branco e preto.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

RASPOU, GANHOU

:txt: Janis Loureiro_



Publicação, que será lançada amanhã, registra os 22 anos de gestão Darcísio Perondi marcada pela participação da comunidade na ampliação e melhoria no atendimento à saúde da população regional

No início dos anos 90, o Brasil vivia o processo de democratização na política e no plano econômico a guerra contra a inflação. Foi nessa época, há 25 anos, que uma mania tomou conta de todo o Estado, além da Lambada, um ritmo que martelava no ouvido. Inclusive na capital gaúcha, era comum a cena de pessoas pararem nas ruas para pegar uma tampa de caneta, uma moeda, ou uma chave para ajudar a raspar a loteria instantânea Bônus da Saúde, sem ficar com aquela raspinha preta embaixo da unha. Você lembra? Pois então, essa mania começou em Ijuí.

O que poucos recordam e muitos nem sabem é que aquela raspadinha foi uma das estratégias criadas pela diretoria do Hospital de Caridade de Ijuí para concluir o projeto de expansão do hospital. O 3° Bloco do HCI foi a obra de maior repercussão na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Isso devido aos movimentos de levantamento de recursos para tornar o atendimento hospitalar de Ijuí referência macrorregional. Essa mobilização contou com o apoio da comunidade, contagiada com as ações do novo presidente do hospital, um jovem determinado a empreender mudanças, profissionalizar a gestão, devolver aos associados o poder de decisão sobre os rumos da atenção à saúde da população.

O recém-formado pediatra, Darcísio Perondi, já havia mostrado nos primeiros anos de profissão que não ficaria apenas dentro do consultório e iniciou uma mobilização para a compra de berços aquecidos para a Maternidade e uma campanha pelo aleitamento materno que na época sofria um forte lobby das empresas alimentícias para a compra de leite em pó. Chegou a incentivar a participação dos ijuienses em um concurso fotográfico com mamães amamentando no peito os seus bebês, que rendeu belas imagens.

Em 1986, uma assembleia histórica, em que pela primeira vez duas chapas disputaram o comando da associação, marcou o ingresso de um novo grupo, liderado por Perondi, no comando do hospital. Ijuí, assim como todos os outros municípios brasileiros, precisou unir forças na própria comunidade para garantir o atendimento a um bem fundamental que é a saúde, já que os governos em todas as esferas não dedicam os esforços necessários e não empenham os recursos suficientes. Foi assim que a Associação Hospital de Caridade Ijuí, uma entidade filantrópica, foi criada há 75 anos. Com esse mesmo espírito, foi feita uma retomada da relação com a comunidade para ampliar e qualificar o hospital que passava por um momento de estagnação. “O legado do Perondi é um hospital que é referência macrorregional em um período em que todas as outras casas hospitalares da região fecharam ou enfrentam graves dificuldades”, afirma o atual presidente do Hospital de Caridade de Ijuí, Claudio Matte Martins.

O período também foi marcado pela transição na área da saúde, que deixou de ser gerida pelo Instituto Nacional de Previdência Social, o famoso Inamps. Um dos avanços foi a conquista do certificado de filantropia que aumentaria em 30% as verbas para o hospital. “Quando eu era presidente do Tribunal de Contas da União fui procurado pelo presidente Darcísio Perondi que pediu ajuda para a tramitação do projeto de concessão de filantropia. Era a minha vez de ajudar a instituição que está no coração de todo o ijuiense”, conta Alberto Hoffmann, que aos 90 anos, ainda lembra da inauguração do 1° bloco do hospital em 1940.

Mas a marca mesmo foram as campanhas comunitárias. Em março de 1989, a Campanha da Soja mobilizou os produtores do interior, que ao conhecer o projeto e sua importância, doavam algumas sacas do grão. Foram 12 mil. Na comissão das mulheres surgiu a Campanha do Tijolinho envolvendo a comunidade escolar. Cada aluno recebia uma cartela e oferecia a vizinhos e amigos a compra simbólica de um tijolo ao preço de 10 centavos. Grande parte das cartelas não voltou, mas o sucesso foi garantido pelo propósito. As crianças passavam pela obra e diziam: aquele é o meu tijolo. Um momento inesquecível foi o Bingo da Saúde. Dá para imaginar, o Estádio 19 de Outubro lotado na véspera de Natal com mais de 10 mil pessoas na expectativa do grande prêmio em um calor escaldante. Tudo por um Kadett zerinho. A promoção seguinte ganhou as telinhas da televisão. Foi o Telebingo. Fez história e foi amplamente copiado.

Mas o grande impulso foi possível quando a diretoria do hospital teve a coragem de aceitar a proposta de um representante da Moore Dathagraphics que ofereceu um produto novo: bilhetes com prêmios instantâneos. Da sugestão inicial de 10 mil cartelas, o grupo encomendou 5 milhões. Na época, Perondi já era presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos e para viabilizar o projeto foi formado um grupo de cinco hospitais: Nossa Senhora da Pompéia (Caxias do Sul), Hospital da Cidade (Passo Fundo), Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo (Santa Maria) e a Santa Casa da Misericórdia de Pelotas. Assim foi lançado o primeiro bilhete Raspe e Ganhe no Estado.

Foi uma febre. O ijuiense Dunga foi garoto-propaganda do Bônus. Principalmente entre os moradores da Capital, que ao comprar as raspadinhas, ajudavam os hospitais do interior. Reconhecendo essa contribuição, em fevereiro de 1992, o Hospital Pronto-Socorro de Porto Alegre passou a ser um dos seis hospitais a participar do Bônus. O convênio foi assinado no gabinete do prefeito Olívio Dutra. “A generosidade do povo deve inclusive aumentar para que possamos salvar mais vidas em Porto Alegre e para que o hospital de Ijuí inaugure o seu novo bloco”, disse à época. Com o bom resultado do convênio que contou com a doação de três ambulâncias equipadas e diversos equipamentos, recebidos pelo vice-prefeito Tarso Genro, o atendimento de emergência se qualifica, tendo sido um dos fatores positivos avaliados pela população no primeiro governo petista de Porto Alegre.



Mas o projeto foi questionado pela Receita Federal e iniciou-se uma batalha jurídica. O Bônus foi garantido graças a uma liminar da juíza de Direito Silvia Goraieb, que reconheceu a importância social da iniciativa. A decisão deu uma sobrevida ao projeto, mas não por muito tempo. Em 1994, o Bônus foi cassado pela Associação Brasileira de Loterias Estaduais. A decisão teve efeito imediato nas contas do hospital, que ainda não havia finalizado a obra e utilizava parte dos recursos para financiar os atendimentos à população. O hospital ainda sofreu em seguida uma pesada multa da receita Federal que alegou falta de recolhimento do ICMS. O estrago só não foi maior por ter sido no mesmo ano instituído o Refis, que permitiu o refinanciamento da dívida, que continua sendo paga.

Mas a essa altura o prédio de cinco andares, que muitos consideravam um elefante branco, tornou realidade o atendimento de alta complexidade regional. Foi um acerto. Tanto que depois do Centro Oftalmológico, UTI Neonatal e Pediátrica, Centro de Imagenologia, Radiologia, viriam o Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), o Instituto do Coração e a Medicina Nuclear. Avanços que tiveram a participação fundamental de Perondi, que foi alçado a deputado federal e hoje é presidente da Frente Parlamentar da Saúde. Foram 22 anos de história, mas ainda há muito o que investir e fazer pela saúde. Esses e outros momentos são relatados pela jornalista Janis Loureiro na obra A Força da Comunidade, que estará sendo lançada amanhã, às 19h, na Estação da Mata em Ijuí.

Um trabalho de longa pesquisa

A ideia de escrever um livro contando a história do HCI surgiu em 2008 com a intenção de homenagear quem havia ficado mais duas décadas na presidência da Associação Hospital de Caridade Ijuí, mas estava saindo por uma obrigação legal, já que acumulava o cargo de deputado e não poderia mais beneficiar a instituição que presidia com recursos governamentais. "A história é bem surpreendente, principalmente o respaldo que as iniciativas de mobilização encontravam na comunidade", conta a autora do livro, Janis Loureiro.
O trabalho de levantamento das informações, seleção de imagens no arquivo da instituição, entrevistas, projeto gráfico, diagramação e finalização somou dois anos. "A pesquisa foi intensa nos jornais de Ijuí, principalmente no Jornal da Manhã, que acompanha todo o período de tempo", relata. Reportagens registram a criação da identidade visual do hospital com o slogan 'O Hospital é da Comunidade e a Comunidade é Você', as campanhas em prol da construção do 3° Bloco, assim como as notícias de caos na saúde na época em que o Sistema Único de Saúde dava os seus primeiros passos. "Foi um período de grande inflação e troca de moeda, um cenário difícil para a ampliação do hospital, o que torna a conquista de Ijuí ainda mais ousada", avalia.
A pesquisa incluiu também o arquivo da associação que dispõe de documentos como atas, relatórios de gestão, releases e publicações internas editadas pela Assessoria de Comunicação Social do HCI. Outra fonte importante foram os depoimentos de pessoas que deixaram a sua marca nessa história como Alberto Hoffmann, Adelar Baggio, Celso Lucchese, Emídio Perondi, Germano Gazolla, Marlene Vontobel, Eulália Klamt, Cláudio Matte Martins, Ivone Wiezbicki Siqueira, João Leone de Sena, entre outros. "Tenho muito orgulho de contar essa história que narra um dos mais importantes momentos de mobilização comunitária e de voluntariado social vivenciados pela comunidade de Ijuí e região Noroeste", comemora.

NOÉ AE?!: Orquestra Imperial e DJ Marlboro

terça-feira, 8 de junho de 2010

HOME NÃO

ÁFRICA DO SUL PÓS-APARTHEID

:txt: William Waak.

:Assista ao vídeo enquanto você lê



Bro Bricks hoje caminha solitário. Não convive mais com os antigos companheiros da luta anti-Apartheid, que lutam agora só para ganhar dinheiro, queixa-se ele. Esqueceram-se de quem Bro Bricks sempre tomou conta, dos mais pobres.

Os projeto que ele toca, de reciclagem de lixo, é uma das poucas oportunidades de se ganhar dinheiro em Oragen Farme. É uma favela a 60 quilômetros de Joanesburgo.

Mais da metade dos adultos não tem emprego, crianças crescem no esgoto a céu aberto, mas, perto dali, a maior cidade do país mudou bastante.

Desde que o Apartheid acabou, Joanesburgo ganhou pelo menos mais um centro de negócios, ganhou novos bairros residenciais de alta renda, com novo tipo de moradores também. Gente como Biko, 32 anos, bem sucedido empresário no ramo da computação gráfica.

Para os padrões da desigualdade social da África do Sul e também do Brasil, Biko é um homem rico que vive protegido por muros em condomínios fechados. Igualzinhos aos brancos, apontados ainda como os donos da economia do país.

Uma parte do seu sucesso Biko deve aos pais, que são veteranos da luta anti-Apartheid, e que tem ótimos contatos políticos com o partido do poder, o Congresso Nacional Africano, antigo Movimento de Libertação.

Gente como o veterano lutador Bo Bricks não entende que a maior questão é criar oportunidades, principalmente pela educação. Maior economia da África, industrializada e sofisticada, a África do Sul criou depois do Apartheid um ambicioso programa de incentivo de criação de uma classe média negra.

Hoje, vê-se nos shoppings de ricos da cidade, negros que antes só entrariam ali como empregados e que agora são paparicados consumidores. Antes mesmo da Copa do Mundo, a África do Sul já dispunha de excelente infraestrutura viária na qual a nova classe média negra ajuda a engrossar os monumentais congestionamentos.

Em boa parte um 'boom' criado com subsídios do governo, como em Cosmo City. Uma fazenda abandonada pelo dono branco virou um paraíso da nova classe média. Com financiamento camarada do poder público, empresários oferecem casas a partir do equivalente a R$ 100 mil. É bem menos do que custa um carro de luxo.

Mas o resultados na formação de uma nova classe média são inferiores ao que se diz, afirma Anfreya Jeffrey, a pesquisadora chefe do principal instituto de pesquisa sociais na África do Sul.

As políticas afirmativas na prática não incentivaram o surgimento de um empresariado negro, diz ela, mas facilitaram a formação de um grupo que se beneficia das ligações com o partido do governo.

A raiz do dilema sul-africano chama-se, paradoxalmente, Nelson Mandela. O símbolo da reconciliação após o regime cruel do Apartheid acabou criando a expectativa de que também a justiça social viria com igual facilidade.

O primeiro presidente pós Mandela, Mbeki, era um político frio empenhado, antes de qualquer coisa, em manter a economia crescendo. Foi derrubado pelo atual presidente Zuma, protagonista de repetidos escândalos, incluindo de corrupção.

Apenas no mais recente, desta última semana, Zuma foi vítima: uma de suas quatro esposas o traiu com um guarda costas. Grave ofensa para quem, como Zuma, se considera antes de mais nada um guerreiro zulu, chefe de clã, e responsável por garantir prosperidade aos seus.

O atual governo pensa em redistribuição, mas não resolveu a questão do crescimento, única maneira de se solucionar o desemprego, diz a pesquisadora, Anfreya Jeffrey.

Alexandrar é um dos bairros pobres e fica bem no centro de Joanesburgo. Desde que o Apartheid acabou, em 1994, e lá se vão 16 anos, pouca coisa mudou. A não ser, talvez, o fato de que os mais pobres, entre os mais pobres, os estrangeiros, estão sendo expulsos

É o caso de Salim, eletricista moçambicano, que tem medo agora dos sul-africanos que o acusam de roubar seus empregos. "Temos medo".

Ao lado do barraco onde Salim se esconde, uma moradora repete uma queixa comum, de que nada mudou. Talvez não na velocidade e na profundidade desejadas, mas há sinais evidentes de mudanças positivas.

Na fila do restaurante de fast food a cena pode parecer comum para os brasileiros, mas era impensável há pouco tempo ainda para os sul-africanos: crianças negras e brancas juntas.

Mesmo nos lugares mais pobres, como a favela Orange Farm, há um notável sentido de improvisação. Como o jovem que sonha em ser DJ e montou seu próprio equipamento a partir de sucata de informática.

Bro Bricks, o nome dele é 'Irmão Tijolo' em português, tem razão quando diz que muito pouco foi feito. A Copa para ele é desperdício de dinheiro. Biko, seu nome é uma homenagem a uma vitima do Apartheid, acha que a questão central está resolvida.

A África do Sul é um país de muitas raças, etnias, culturas. Um arco íris, como os sul-africanos gostam de dizer, refletido na própria bandeira. Só que a maioria não viu o prometido pote de ouro.

terça-feira, 1 de junho de 2010

UMBABARAUMA, HOMEM GOL



2010
:txt: Som Barato

Você não sabe? Não soube?

Essa tarde Daniel Ganjaman, do selo Instituto, movimentou a twittosfera (???) brasileira através de seu perfil ao informar sobre a gravação de Umbabarauma por Jorge Ben, Mr. Simpatia, e um timaço na cozinha: Céu, Anelis Assumpção, Thalma de Freitas, Pupilo, Da Lua, Mano Brown com a produção do competentíssimo Daniel Ganjaman e Zegon.

Colocando em minutos a tag #Umbabarauma no TTbr do Twitter, os produtores perceberam o frisson que causaram ao informar sobre a produção da faixa que contou com a participação da nata músical do país.

Entre afoitos, feridos, e fãs histéricos (you and me...), temos um Jorge Ben em altíssimo nível, cantando como ficamos mal acostumados a ouvi-lo durante bons tempos. Desencanado, malemolente e bem disposto na brincadeira, Jorge Ben deixou bem claro que ainda pode jogar o jogo.



A produção de Ganjaman no que tange a voz do Mr. Simpatia lembrou a faixa Shuffering & Shimiling do Red, Hot and Riot: The Music and Spirit of Fela Kuti, álbum em tributo a Fela Kuti, onde Jorge alcançou falsetes que não o víamos alcançar desde, talvez, o África Brasil. Ah, os anos 80...

Umbabarauma reúne parte da nata da cena musical nacional, dentre vários ritmos, estilos, também contando com a produção de um dos melhores profissionais do país, Daniel Ganjaman. Mas não apenas por isso a regravação é um marco. Umbabarauma é um marco pois demonstra, em menos de 10 anos, que nas duas vezes em que Jorge Ben teve a produção de um profissional que compreende a relação do artista com sua obra, vimos seu talento esculpido, moldado e transformado, lembrando os tempos inesquecíveis - talvez inalcançáveis - das decadas de 60/70.



Umbabarauma
Ficha Técnica:

Jorge Ben
Gabriel Ben Menezes
Mano Brown
Negresko Sis
Duani Martins
Pupillo
Gustavo Da Lua
Produzido por Daniel Ganjaman e Zegon.
Arquivo de Torrent: baixe aqui

assista ao video

FINO COLETIVO



Copacabana
:txt: Bruno Maia_

Passados três anos desde o lançamento do primeiro disco, o Fino Coletivo volta com um trabalho que comprova que, passados alguns sustos, as mudanças vividas ao longo deste período não afetaram o rendimento do (hoje) sexteto. “Copacabana” é um disco pra tocar na festinha, na festona, no rádio, no mp3 player, e deixar o clima temperado. Quem vai?

Uma das certezas que se tem ao ouvir este novo disco é que a sonoridade da banda está consolidada como algo original e autoral. Quem conheceu o primeiro trabalho deles (“Fino Coletivo”/2007), reconhecerá facilmente o grupo em “Copacabana”. Quem for apresentado agora, não terá dificuldade de sacar qual é a dos caras. A presença dos vocais inspirados no samba, o wah wah na cores do violão turbinado, as vozes registradas tantas vezes em coros (sobretudo nos refrões), as letras bem cuidadas fazendo referências às estruturas do samba-canção e do sambalanço, o groove e soul dos baixos e percussões, sempre convidando pra dançar, se somam de uma forma definitivamente particular. Não foram à toa os prêmios dados ao grupo em sua estreia, como o respeitado reconhecimento como “Melhor Grupo” pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) em 2007.

É difícil negar que esse é um disco um pouco mais ‘carioca’ do que o primeiro e que um dos grandes méritos da banda está em achar uma sonoridade original para essa tal carioquice. Sim, porque a expressão “sonoridade carioca” ao longo dos anos virou campo propício a uma série de clichês estimulados pelos sucessos, sobretudo, do samba e da bossa nova, normalmente associados ao som da moda. Agora não. O Fino Coletivo consegue desenvolver isso sem que essa “carioquice” seja restritiva, nem soe como uma bandeira – afinal, dos três compositores atuais, dois são alagoanos. E a receita deles é simples e potente: a (boa) falta de purismos, um esmero lírico ligado à estruturas do samba e suas vertentes, os arranjos feitos para comportar efeitos, texturas e programações junto com coros de vozes e bons refrães.

O nome “Copacabana” é uma metáfora eficiente para uma babilônia de sons e referências, possível de ser sintonizada em qualquer parte do mundo.

Depois de quase dois anos rodando o país com esta formação, não resta muito o que dizer sobre o entrosamento da banda e sobre a consciência que eles têm do que fazem musicalmente. Apesar da estrada ter se estendido para muito além das fronteiras regionais, a cancha dos palcos cariocas trouxe esse certo sotaque já citado. E é assim que o canto arrastado de samba-canção encontra o groove do baixo e dos metais já em “Batida de trovão”. O resultado sonoro da faixa de abertura remete à uma noite de sábado daquelas, logo no início do álbum. “Espantando a solidão” é o verso que resume a pretensão dos caras. Expectativas e empolgação. E aí, vai cair pra dentro? Se sim, escolheu bem.

Nos (com)passos seguintes, vêm “A coisa mais linda do mundo” e “Ai de Mim”. Nessa, o Babulina da Tijuca já passou pelo Beco das Garrafas e virou Jorge Ben. Começa a se notar a força que os teclados de Donatinho, agora membro efetivo da banda e elemento determinante na sonoridade do disco, passam a ter neste novo momento. É das mãos dele que saem a maioria das texturas que dão cor ao disco, por vezes dialogando diretamente com o ritmo, em outras com a harmonia. Quando De Leve entra pra improvisar sobre a base de “Abalando Geral”, a ponte saiu do Leme direto para Niterói, carregada no sotaque e no tal tempero.

Em “Fidelidade”– outro samba-canção, dessa vez aquecido por um dos naipes desenhados por Marlon Sette para o álbum -, o Fino chega cantando que vai “fazer revolução no amor (...) levantar bandeira da fidelidade/pois é coisa da antiga/ser malandro traidor/hoje eu visto a camisa/pelo bem do nosso amor”. Mais uma vez, pinta o diálogo com esse ‘malandro traidor’, velha figura mítica carioca, mas que também tem um pé na malandragem nordestina do forró e do repente. “Bravo mar” mostra que essa fronteira do grupo é mesmo expansiva, a ponto de flertar sem dificuldades com uma espécie de xote. Arrastado, marcado por triângulos e ganzá (conduzidos por Rita Albano). Essa pilha segue acessa em “Menina bonita” e sua precisa percussão.

Já a regravação de “Swing de Campo Grande”, dos Novos Baianos, foi responsável pela conexão entre o Fino Coletivo e o selo Oi Música. A versão foi uma das vencedoras de um concurso realizado pela Oi FM, em que o grupo de Pepeu, Moraes, Paulinho, Baby e Galvão foi homenageado. Logo depois aparece no disco “Nhem Nhem Nhem”, uma bela busca do repertório de Totonho & Os Cabra. De letra inspirada, a canção ganhou, pelas mãos da produção de Daniel Medeiros e Alvinho Cabral, uma versão com uma dinâmica mais interessante do que a original, algo raro. Além desta tal dinâmica, o naipe baseado em ataques ajudam a dar uma força especial ao refrão, já tão bonito melódica e liricamente. Certamente é um dos pontos altos de “Copacabana”.

Para quem acompanhou a história do Fino Coletivo, ouvir “Se vacilar o Jacaré abraça” ajuda a fazer a conexão com a fase anterior da banda. Celebrando a amizade que permanece, eles põem pra jogo a sua versão pra música de Alvinho Cabral e Wado, este ex-membro da banda e que a gravou originalmente em seu trabalho solo. Já na reta final, pintam “Velho dia” (composição familiar de Alvinho Lancellotti, com seu irmão Domenico e seu pai, o renomado Ivor Lancellotti), e “Amor Meu”. Quem se basear pela listagem de canções do encarte vai se surpreender ao ouvir a surpresa escondida minutos depois do último acorde. Na verdade, chegando para fechar o disco vem um canto de roda, feito por Jorge Cabral (pai de Alvinho) para sua mulher, Roselma, em homenagem ao aniversário dela em 23 de abril, dia de São Jorge (ou Ogum, como sugere a letra) e, justamente por isso, um feriado carioca. Musicado por Alvinho Lancellotti, é um canto de benção, de terreiro, levado na palma da mão, meio oração, meio samba. E agora sim, podemos encerrar os trabalhos. Amém, saravá.

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